Bom conhecedor do país, o escritor e jornalista tinha uma ideia clara de que a novidade do telefone ainda não chegara a mais do que uma centena de assinantes, concentrados em Lisboa e no Porto, e que caberia à rede telegráfica, com mais de 200 postos em Portugal continental e insular, galgar distâncias e anunciar ao povo a maior transformação política da sua história..E assim se fez. Uma mensagem em morse, a partir do posto telegráfico da Ericeira, comunicou a partida da família real para o exílio e o estabelecimento do novo regime. Pontos e traços pelos ares e eis que, em velocidade variável, Portugal inteirava-se de que D. Manuel II já não reinava e que havia agora um Presidente da República no seu lugar..Inventado na década de 1830 pelo norte-americano Samuel Morse, o telégrafo e a linguagem que utiliza - o código Morse - foram determinantes em acontecimentos como a Guerra da Secessão ou a conquista do Oeste. Nenhum cinéfilo que se preze pode esquecer o momento de O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinnemann, em que o chefe da estação interrompe o casamento do xerife (Gary Cooper) com uma mensagem inquietante: o bandido mais terrível de que havia memória em tais paragens chegaria no comboio do meio-dia. A partir daí iniciava-se uma luta contra o tempo que só o telégrafo permitiria ganhar..Desde tempos imemoriais que o confinamento e a distância são um desafio ao engenho humano. Seja por "desejo de um amigo que tarda e não vejo" (como nos cantares trovadorescos da Idade Média) ou porque - de forma mais prosaica, mas não menos importante - a economia, a política ou a guerra assim o ditavam. Mas, perguntamo-nos todos nesta época de distanciamento social compulsivo, como é que era possível fazê-lo com eficácia em tempos anteriores ao wi-fi, ao Zoom e ao FaceTime?.Chegou o carteiro.Tivesse naufragado no Atlântico a nau capitaneada por Gaspar de Lemos e D. Manuel I nunca teria recebido a carta em que Pero Vaz de Caminha lhe comunicava o "achamento" do Brasil, atrasando em muitos meses, se assim tivesse acontecido, a chegada à Europa de tão importante notícia. Persuadido pela complexidade cada vez maior das trocas comerciais e das operações militares no seu império de aquém e além-mar em África, este monarca criaria, por carta régia de novembro de 1520, o primeiro serviço público de correios existente em Portugal, ao mesmo tempo que instituía o ofício de Correio-Mor do Reino. Adjudicado a terceiros desde o princípio do século XVII, este muito lucrativo serviço só regressaria à tutela da Administração Central em 1798, por disposição do Príncipe Regente D. João..Até à chegada do caminho-de-ferro na segunda metade do século XIX, cartas e encomendas viajavam, por essa Europa fora, em diligências puxadas por cavalos, que frequentemente também faziam serviço de passageiros. Nas estações de muda os viajantes repousavam dos muitos desconfortos do caminho e trocavam de cavalos. Mas havia lugares sinistros em que nenhum correio gostava de parar. Lugares frequentados por salteadores, dispostos a tudo por uma fiada de pérolas ou por um dente de ouro, como o descrito por Daphne du Maurier no popular romance (adaptado ao cinema por Hitchcock) A Pousada da Jamaica..O romantismo da carta perdura mesmo em tempos, como os nossos, em que quase ninguém as escreve e está naturalmente associado ao charme das grandes histórias de amor, em que as palavras servem de ardente ponte aos amantes separados por grandes ou pequenas distâncias: Napoleão em batalha dirigindo-se a Josefina, esperando que ela não se divirta de mais em Paris. A poetisa inglesa Elizabeth Barrett, mantida em clausura por um pai monstruoso na Londres vitoriana, em carta ao seu amado Robert Browning: "Foste louco em começar a amar-me! Mas já que começaste, continua por quanto tempo possas! Não me deixes na desolação." Ou o anónimo soldado a pedir à noiva que aguarde o seu regresso. De tão angustiante e comum às vidas de homens e mulheres, a espera pelo carteiro (e pelas notícias de quem tarda longe) tornar-se-ia mesmo um tema recorrente da música popular, desde Please Mr. Postman, de The Marvelettes, a O Carteiro, de António Mafra (posteriormente reinterpretado por Sérgio Godinho)..Nenhuma espera de notícias, porém, é mais dramática do que a sofrida por quem tem os seus na frente de batalha. Em plena Segunda Guerra Mundial, a necessidade de minimizar tal angústia, encurtando a distância entre os soldados e seus familiares, levou à criação do aerograma. Em Portugal, esta forma de correio rápido tornar-se-ia muito popular entre 1961 e 1974, permitindo às tropas enviadas para a Guerra Colonial trocar correspondência frequente com as famílias (e com as madrinhas de guerra) na metrópole, sem pagamento de portes ou de sobretaxa aérea. Hoje calcula-se que, ao longo dos 13 anos que durou o conflito, tenham sido utilizados 300 milhões de aerogramas, também conhecidos entre os militares por "bate estradas" ou "corta capim"..Toca o telefone a toda a hora.As necessidades dos exércitos em batalha serviram muitas vezes de motor a várias indústrias, entre as quais a das comunicações. Aos sinais de fumo dos índios da América do Norte ou ao código de bandeiras usado pela Marinha de Guerra e pela Marinha Mercante em todo o mundo somar-se-iam, à medida que se abandonavam arcos e flechas, outras linguagens e tecnologias mais sofisticadas..No princípio do século XIX, as campanhas napoleónicas na Europa dependeram em boa parte da utilização da telegrafia ótica (ou visual), patenteada alguns anos antes pelo primeiro engenheiro telegrafista da história, o francês Claude Chappe. Baseando-se na transmissão de sinais luminosos, pré-codificados, este método seria suplantado mais tarde pelo recurso ao telégrafo de Morse, que, a par do caminho-de-ferro, imprimiria outro nível de velocidade à civilização ocidental..Dir-se-ia, pois, que nessa segunda metade do século XIX às comunicações só lhes faltava falar. O que veio efetivamente a acontecer em 1875 quando Graham Bell patenteou o telefone (embora hoje a paternidade do invento seja atribuída ao italiano Antonio Meucci, que, em 1860, criara aquilo que designara por telégrafo falante). Em maio do ano seguinte, Bell levou o seu aparelho à Exposição Internacional de Filadélfia, não despertando grande interesse junto do público e da crítica até ao momento, salvífico, em que o imperador do Brasil, Pedro II, se dispôs a experimentar. A campainha tocou, Sua Majestade levantou o auscultador e pôs-se à escuta. As suas palavras foram simples, mas ditaram o destino do invento: "Meu Deus, isto fala!".As décadas seguintes foram passadas a criar ligações aéreas, subterrâneas e submarinas para que um número cada vez maior de pessoas, nos mais diversos pontos da Terra, pudesse conversar em tempo real. Tal como acontecera com o telégrafo, Portugal esteve na linha da frente dos países que adotaram a novidade. Com as primeiras experiências de telefone realizadas a 24 de novembro de 1877 (ligando Carcavelos à Central do Cabo em Lisboa), restava esperar pela inauguração da primeira rede pública, o que veio a acontecer em abril de 1882, tendo como concessionária a Edison Gower-Bell Telephone Company of Europe Lda. Cinco anos depois, esta viria a ser substituída pela Anglo Portuguese Telephone Company (APT), que manteve a concessão até 1968, quando entraram em cena os TLP - Telefones de Lisboa e Porto..Tal como notou Raul Brandão, a rede dos telefones existente em 1910 ainda não permitiria comunicar ao país o sucesso de uma revolução, já que, sendo cara a assinatura, o invento de Bell demoraria algumas décadas a democratizar-se: em 1930, altura em que se iniciou a automatização das linhas, o número de assinantes em todo o país ainda não excedia os 40 mil..Mas não eram poucos os que recorriam aos serviços do telefone do café, do estabelecimento mais próximo ou das cabinas públicas que "invadiram" as ruas das principais cidades também nessa década de 30. Em breve, as telefonistas (carinhosamente apelidadas de "meninas dos telefones"), a quem se pediam números ou o estabelecimento de uma ligação, tornavam-se tão populares como os carteiros. Esta nova profissão (que abriu um novo mercado de trabalho às mulheres, como mostra a série espanhola Las Chicas del Cable, disponível na Netflix) em breve inspiraria um sem-número de filmes, enredos e canções. Portugal não escapou a tal fascínio, com Maria José Valério a gravar, em 1961, a canção A Menina dos Telefones..Embora as campainhas não parassem de tocar, este não era ainda o fim da linha. Vencidas as distâncias, havia que enriquecer o conteúdo das comunicações, dotá-las de substância física, como a troca de documentos de texto, gráficos ou audiovisuais, o que, numa primeira fase, o telefax (produzido a partir dos anos 1970, mas com real impacto no dia-a-dia das empresas a partir de meados da década de 1980) veio permitir..Mas as comunicações por telefone ou por fax tinham ainda uma pecha aos nossos olhos de seres hiperconectados, pois exigiam que o destinatário estivesse num determinado local físico. Eram os anos em que alguém ainda podia, pura e simplesmente, não estar contactável sem que os demais se alarmassem. Mas, no princípio dos anos 1990, também esse último reduto da distância foi conquistado: primeiro pelos telefones no carro, depois pelos pagers e, finalmente, pelos telemóveis..A chegada da World Wide Web, culminando investigações em laboratório que se prolongavam desde os anos 1960, teria na economia e no quotidiano dos cidadãos um impacto apenas comparável à invenção da roda ou da imprensa. O que, nas atuais circunstâncias, bem sabemos, não nos traz a ansiada vacina contra o coronavírus nem evitará o desastre económico que se anuncia. E, no entanto, faz maravilhas na profilaxia das saudades.
Bom conhecedor do país, o escritor e jornalista tinha uma ideia clara de que a novidade do telefone ainda não chegara a mais do que uma centena de assinantes, concentrados em Lisboa e no Porto, e que caberia à rede telegráfica, com mais de 200 postos em Portugal continental e insular, galgar distâncias e anunciar ao povo a maior transformação política da sua história..E assim se fez. Uma mensagem em morse, a partir do posto telegráfico da Ericeira, comunicou a partida da família real para o exílio e o estabelecimento do novo regime. Pontos e traços pelos ares e eis que, em velocidade variável, Portugal inteirava-se de que D. Manuel II já não reinava e que havia agora um Presidente da República no seu lugar..Inventado na década de 1830 pelo norte-americano Samuel Morse, o telégrafo e a linguagem que utiliza - o código Morse - foram determinantes em acontecimentos como a Guerra da Secessão ou a conquista do Oeste. Nenhum cinéfilo que se preze pode esquecer o momento de O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinnemann, em que o chefe da estação interrompe o casamento do xerife (Gary Cooper) com uma mensagem inquietante: o bandido mais terrível de que havia memória em tais paragens chegaria no comboio do meio-dia. A partir daí iniciava-se uma luta contra o tempo que só o telégrafo permitiria ganhar..Desde tempos imemoriais que o confinamento e a distância são um desafio ao engenho humano. Seja por "desejo de um amigo que tarda e não vejo" (como nos cantares trovadorescos da Idade Média) ou porque - de forma mais prosaica, mas não menos importante - a economia, a política ou a guerra assim o ditavam. Mas, perguntamo-nos todos nesta época de distanciamento social compulsivo, como é que era possível fazê-lo com eficácia em tempos anteriores ao wi-fi, ao Zoom e ao FaceTime?.Chegou o carteiro.Tivesse naufragado no Atlântico a nau capitaneada por Gaspar de Lemos e D. Manuel I nunca teria recebido a carta em que Pero Vaz de Caminha lhe comunicava o "achamento" do Brasil, atrasando em muitos meses, se assim tivesse acontecido, a chegada à Europa de tão importante notícia. Persuadido pela complexidade cada vez maior das trocas comerciais e das operações militares no seu império de aquém e além-mar em África, este monarca criaria, por carta régia de novembro de 1520, o primeiro serviço público de correios existente em Portugal, ao mesmo tempo que instituía o ofício de Correio-Mor do Reino. Adjudicado a terceiros desde o princípio do século XVII, este muito lucrativo serviço só regressaria à tutela da Administração Central em 1798, por disposição do Príncipe Regente D. João..Até à chegada do caminho-de-ferro na segunda metade do século XIX, cartas e encomendas viajavam, por essa Europa fora, em diligências puxadas por cavalos, que frequentemente também faziam serviço de passageiros. Nas estações de muda os viajantes repousavam dos muitos desconfortos do caminho e trocavam de cavalos. Mas havia lugares sinistros em que nenhum correio gostava de parar. Lugares frequentados por salteadores, dispostos a tudo por uma fiada de pérolas ou por um dente de ouro, como o descrito por Daphne du Maurier no popular romance (adaptado ao cinema por Hitchcock) A Pousada da Jamaica..O romantismo da carta perdura mesmo em tempos, como os nossos, em que quase ninguém as escreve e está naturalmente associado ao charme das grandes histórias de amor, em que as palavras servem de ardente ponte aos amantes separados por grandes ou pequenas distâncias: Napoleão em batalha dirigindo-se a Josefina, esperando que ela não se divirta de mais em Paris. A poetisa inglesa Elizabeth Barrett, mantida em clausura por um pai monstruoso na Londres vitoriana, em carta ao seu amado Robert Browning: "Foste louco em começar a amar-me! Mas já que começaste, continua por quanto tempo possas! Não me deixes na desolação." Ou o anónimo soldado a pedir à noiva que aguarde o seu regresso. De tão angustiante e comum às vidas de homens e mulheres, a espera pelo carteiro (e pelas notícias de quem tarda longe) tornar-se-ia mesmo um tema recorrente da música popular, desde Please Mr. Postman, de The Marvelettes, a O Carteiro, de António Mafra (posteriormente reinterpretado por Sérgio Godinho)..Nenhuma espera de notícias, porém, é mais dramática do que a sofrida por quem tem os seus na frente de batalha. Em plena Segunda Guerra Mundial, a necessidade de minimizar tal angústia, encurtando a distância entre os soldados e seus familiares, levou à criação do aerograma. Em Portugal, esta forma de correio rápido tornar-se-ia muito popular entre 1961 e 1974, permitindo às tropas enviadas para a Guerra Colonial trocar correspondência frequente com as famílias (e com as madrinhas de guerra) na metrópole, sem pagamento de portes ou de sobretaxa aérea. Hoje calcula-se que, ao longo dos 13 anos que durou o conflito, tenham sido utilizados 300 milhões de aerogramas, também conhecidos entre os militares por "bate estradas" ou "corta capim"..Toca o telefone a toda a hora.As necessidades dos exércitos em batalha serviram muitas vezes de motor a várias indústrias, entre as quais a das comunicações. Aos sinais de fumo dos índios da América do Norte ou ao código de bandeiras usado pela Marinha de Guerra e pela Marinha Mercante em todo o mundo somar-se-iam, à medida que se abandonavam arcos e flechas, outras linguagens e tecnologias mais sofisticadas..No princípio do século XIX, as campanhas napoleónicas na Europa dependeram em boa parte da utilização da telegrafia ótica (ou visual), patenteada alguns anos antes pelo primeiro engenheiro telegrafista da história, o francês Claude Chappe. Baseando-se na transmissão de sinais luminosos, pré-codificados, este método seria suplantado mais tarde pelo recurso ao telégrafo de Morse, que, a par do caminho-de-ferro, imprimiria outro nível de velocidade à civilização ocidental..Dir-se-ia, pois, que nessa segunda metade do século XIX às comunicações só lhes faltava falar. O que veio efetivamente a acontecer em 1875 quando Graham Bell patenteou o telefone (embora hoje a paternidade do invento seja atribuída ao italiano Antonio Meucci, que, em 1860, criara aquilo que designara por telégrafo falante). Em maio do ano seguinte, Bell levou o seu aparelho à Exposição Internacional de Filadélfia, não despertando grande interesse junto do público e da crítica até ao momento, salvífico, em que o imperador do Brasil, Pedro II, se dispôs a experimentar. A campainha tocou, Sua Majestade levantou o auscultador e pôs-se à escuta. As suas palavras foram simples, mas ditaram o destino do invento: "Meu Deus, isto fala!".As décadas seguintes foram passadas a criar ligações aéreas, subterrâneas e submarinas para que um número cada vez maior de pessoas, nos mais diversos pontos da Terra, pudesse conversar em tempo real. Tal como acontecera com o telégrafo, Portugal esteve na linha da frente dos países que adotaram a novidade. Com as primeiras experiências de telefone realizadas a 24 de novembro de 1877 (ligando Carcavelos à Central do Cabo em Lisboa), restava esperar pela inauguração da primeira rede pública, o que veio a acontecer em abril de 1882, tendo como concessionária a Edison Gower-Bell Telephone Company of Europe Lda. Cinco anos depois, esta viria a ser substituída pela Anglo Portuguese Telephone Company (APT), que manteve a concessão até 1968, quando entraram em cena os TLP - Telefones de Lisboa e Porto..Tal como notou Raul Brandão, a rede dos telefones existente em 1910 ainda não permitiria comunicar ao país o sucesso de uma revolução, já que, sendo cara a assinatura, o invento de Bell demoraria algumas décadas a democratizar-se: em 1930, altura em que se iniciou a automatização das linhas, o número de assinantes em todo o país ainda não excedia os 40 mil..Mas não eram poucos os que recorriam aos serviços do telefone do café, do estabelecimento mais próximo ou das cabinas públicas que "invadiram" as ruas das principais cidades também nessa década de 30. Em breve, as telefonistas (carinhosamente apelidadas de "meninas dos telefones"), a quem se pediam números ou o estabelecimento de uma ligação, tornavam-se tão populares como os carteiros. Esta nova profissão (que abriu um novo mercado de trabalho às mulheres, como mostra a série espanhola Las Chicas del Cable, disponível na Netflix) em breve inspiraria um sem-número de filmes, enredos e canções. Portugal não escapou a tal fascínio, com Maria José Valério a gravar, em 1961, a canção A Menina dos Telefones..Embora as campainhas não parassem de tocar, este não era ainda o fim da linha. Vencidas as distâncias, havia que enriquecer o conteúdo das comunicações, dotá-las de substância física, como a troca de documentos de texto, gráficos ou audiovisuais, o que, numa primeira fase, o telefax (produzido a partir dos anos 1970, mas com real impacto no dia-a-dia das empresas a partir de meados da década de 1980) veio permitir..Mas as comunicações por telefone ou por fax tinham ainda uma pecha aos nossos olhos de seres hiperconectados, pois exigiam que o destinatário estivesse num determinado local físico. Eram os anos em que alguém ainda podia, pura e simplesmente, não estar contactável sem que os demais se alarmassem. Mas, no princípio dos anos 1990, também esse último reduto da distância foi conquistado: primeiro pelos telefones no carro, depois pelos pagers e, finalmente, pelos telemóveis..A chegada da World Wide Web, culminando investigações em laboratório que se prolongavam desde os anos 1960, teria na economia e no quotidiano dos cidadãos um impacto apenas comparável à invenção da roda ou da imprensa. O que, nas atuais circunstâncias, bem sabemos, não nos traz a ansiada vacina contra o coronavírus nem evitará o desastre económico que se anuncia. E, no entanto, faz maravilhas na profilaxia das saudades.