Muito tempo antes do anúncio da dissolução da Assembleia da República e da queda do Governo escrevi um artigo que respondia à pergunta do título deste..Disse nele, também em título, que A alternativa ao PS é o PS..Admiti já então, perante a fragilização das instituições democráticas, que pudessem vir a ter lugar eleições legislativas antes do termo do mandato da atual maioria absoluta..O cenário dessa previsibilidade ocorreu..E porque ocorreu, o PS viu-se confrontado com a necessidade de encontrar um novo líder..Sempre entendi que o ideário dos partidos e a linha de rumo a seguir merece priorização..Sendo os três candidatos à liderança do PS membros da família política a que pertenço, que tantos e tão determinantes serviços prestou à liberdade e à democracia em Portugal, desde logo pelo exemplo do seu fundador, Mário Soares, não duvido terem plena consciência do complexo e difícil quadro que o que sair vencedor vai enfrentar..As consequências da pandemia, e mais o que se lhe seguir, provam à saciedade ser falsa a afirmação de que a menos Estado corresponde melhor Estado..Até os arautos do liberalismo invocaram nessa altura Santa Bárbara, reclamando a intervenção do Estado quando a pandemia arrastou uma forte trovoada com impactos em todo o mundo..Sucede que no mundo de hoje, com o populismo à solta em todos os azimutes, mais se justifica a opção política dos princípios do socialismo democrático..Defender o socialismo democrático implica a definição transparente do papel do Estado, um mercado regulado, as funções soberanas que decorrem desse papel, a Justiça, a Defesa e Segurança, a Educação, a Saúde, a política externa, relevantíssima neste mundo global, relevando sempre a igualdade dos cidadãos, a criação da riqueza e a sua justa repartição..Nestes domínios, nenhum dos candidatos seguramente se ilude quanto às exigências das profundas reformas a empreender, algumas delas a imporem diálogo com todas as forças democráticas, por se tratarem de desígnios nacionais..Desde logo na Justiça por o país ter concebido um quadro legislativo do sistema judiciário único quando comparado com qualquer outro sistema das democracias liberais..É preciso muita coragem para enfrentar esta situação, primeira qualidade que um político deve ter, como invocava Mário Soares. .Pela importância para o regime democrático, escrevi um artigo com um conceituado jurista, já lá vão cinco anos, num grande órgão de comunicação social, colocando o dedo na ferida..Claro que o PS, não sendo ungido do Senhor, cometeu erros e alguns graves..Há que os reconhecer com humildade para reganhar a confiança do país que ainda há escassos dois anos concedeu maioria absoluta ao PS, mostrando-se agora descontente..Há ainda que fazer notar que o maior partido da oposição, o PSD, com quem o PS não pode deixar de dialogar, sustenta ter também um ideário social-democrata..Sucede até que foi o fundador do PSD, Sá Carneiro, que conduziu o então PPD a alterar a denominação para PSD, fazendo-lhe vincar o ideário do próprio nome..Não se compreende, por isso, que o PSD esteja agora a renegar esse ideário, como se alcança do propósito aparentemente encoberto, de juntar todas as forças possíveis contra o ideário socialista que é a matriz do PS, com ataques ferozes ao socialismo, sem se definir ao que vem..Estas reflexões, são um modesto contributo para a unidade do PS em torno do seu ideário, unidade essa que não se deixará de gerar pelo futuro, qualquer que seja o vencedor dos candidatos, em prol do futuro de Portugal e com orgulho na história do partido..Pela minha parte direi presente, votando obviamente no PS..Militante do Partido Socialista