No quinto e último dia do seu depoimento, Singer, que defende que Seabra não teve consciência do violento homicídio de 07 de janeiro de 2011, por estar num estado psicótico, justificando assim que seja considerado não culpado, foi questionado pela defesa, depois de a acusação ter sugerido, na quarta-feira, que Seabra fingiu doença mental durante o internamento, após encontros com o seu advogado..Singer sublinhou que, em milhares de páginas que documentam a passagem de Seabra por três diferentes unidades psiquiátricas, e mais de uma dezena de médicos, "nem uma vez" é referido o paciente poder estar a "fingir doença ou a enganar"..Isso, referiu, porque nada no seu comportamento, observado pelo pessoal médico numa base diária e com intervalos de 15 minutos durante alguns períodos, indicou que pudesse estar a simular sintomas de psicose..Estes comportamentos, registados pelo pessoal hospitalar, incluíram identificar-se como "Abacaba" ou "Jesus", despir-se e fazer exercício, vestir-se de "super-herói", relatar ouvir vozes e receber "mensagens" dos livros, e dizer que queria matar todo o pessoal do hospital. .A sugestão de que o pessoal médico não observou Seabra devidamente e que aceitou como dado adquirido o seu estado mental "é um insulto para o nível de cuidado" prestado ao jovem, nas diferentes unidades psiquiátricas.."Não há nem uma centelha de prova que usa essas palavras [fingir doença e enganar] ou exagero de sintomas ou alguns sinónimos usados por psiquiatras ou psicólogos", sublinhou..Escudando-se em relatórios de médicos que avaliaram o jovem em três unidades psiquiátricas, afirma que, na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado..A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas..A acusação sustenta que foi "raiva, desilusão e frustração" a levar Renato Seabra a matar o colunista social, num processo diretamente ligado ao fim da relação e que, como tal, é criminalmente responsável..Na quarta-feira, quando questionado pela procuradora Maxine Rosenthal, Singer admitiu que pode ter sido o homicídio de Carlos Castro o incidente que despoletou a psicose diagnosticada ao jovem nos hospitais em que passou posteriormente. .A tese da procuradora é que não há provas de loucura antes do crime e que o diagnóstico consistente de psicótico resulta do que ocorreu durante ou após o crime..Lembrou ainda que duas testemunhas dizem que, após o jantar em que Seabra teve um comportamento estranho, propondo brindes quando o ambiente era de tensão à mesa, o jovem foi para casa calado e que a videovigilância no hotel não mostra agitação..Igualmente, disse, a videovigilância do Hotel Intercontinental, mostra Seabra e Castro frente a frente, em silêncio, durante a última refeição entre ambos..Hoje, Singer manteve a sua tese de que os factos mostram que a psicose começou antes do crime, com uma fase de gestação com sintomas de "falta de sono, euforia", de "antes do evento catastrófico, bastante bizarro"..Salientou ainda que os sinais de psicose surgem na explicação dada à polícia para o crime, nos registos da hospitalização, sugerindo "um caminho muito claro e consistente" que aponta para a falta de responsabilidade. .O julgamento prosseguirá esta tarde com o testemunho de um psicólogo contratado pela acusação, Joseph Barr, que sustenta que Seabra teve consciência dos seus atos.