Duas vítimas mortais e 300 pessoas retiradas de casa. Fogo de Murça já lavra em três concelhos

Casal de idosos tentou fugir das chamas, mas carro despistou-se e capotou. Vaga de Incêndios desde 8 de julho já provocou três mortes
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O incêndio que começou domingo em Murça e se estendeu esta segunda-feira aos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Valpaços, provocou esta segunda-feira as primeiras vítimas mortais entre populares desde que começou a atual vaga de incêndios no país, a partir de 8 de julho.

O fogo em Murça, no distrito de Vila Real - que já terá queimado uma área superior a 3.000 hectares, segundo fonte da Proteção Civil - assumiu-se esta segunda-feira como o mais preocupante, tendo obrigado mesmo a retirar cerca de 300 populares das respetivas habitações, por precaução.

Segundo o presidente da Câmara de Murça, os populares foram retirados de de aldeias como Valongo de Milhais, Ribeirinha, Penabeice, Mascanho, Paredes e Vale de Égua.

Os populares foram transportados para o pavilhão desportivo de Murça e para a residência de estudantes, localizados naquela vila do distrito de Vila Real.

Esta tarde, um casal de idosos foi encontrado morto, dentro de um carro carbonizado, numa área ardida, depois de ter tentado fugir das chamas que ameaçavam a aldeia de Penabeice (Murça). Segundo a Proteção Civil, o carro despistou-se e capotou. O acidente, que está a ser investigada pela GNR, provocou mais duas vítimas mortais nesta época de incêndios, depois da morte de um piloto que combatia as chamas na zona de Foz Coa, na sexta-feira passada.

Também nesta ocorrência, mas já do lado de Vila Pouca de Aguiar, uma viatura pesada de combate a incêndios da GNR foi atingida pelas chamas, tendo os militares saído ilesos.

O incêndio começou domingo à tarde em Cortinhas, no concelho de Murça, e nesse mesmo dia passou para o concelho de Vila Pouca de Aguiar. Esta segunda-feira avançou também para Valpaços.

"Os danos são enormes. Vim do posto de comando de Vila Pouca de Aguiar para aqui e vi sempre em área ardida", referiu aos jornalistas, ao início da noite, o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, que adiantou que, no seu concelho, havia ainda "frentes ativas", prevendo, no entanto, que a situação pudesse estar mais "controlada".

"Estamos a falar numa área já superior a 3.000 hectares e dentro dessa uma área significativa de povoamento de pinheiro-bravo e de souto", apontou, referindo-se à área conjunta dos municípios de Vila Pouca de Aguiar e Murça.

Alberto Machado esperava que durante a noite houvesse "uma janela de oportunidade", devido à humidade que está a subir e às temperaturas que estão a descer, de "fazer esse controlo e evitar reacendimentos amanhã".

Em Vila Pouca de Aguiar, o fogo "evoluiu desfavoravelmente" durante o dia e chegou a pôr em risco as aldeias de Granja e Ribeirinha. Foi ponderada e evacuação de Ribeirinha, o que não chegou a acontecer.

Mais de 700 bombeiros combatiam às 00:30 de hoje oito incêndios ativos em Portugal continental, com os três fogos no distrito de Vila Real a serem os que mais mobilizam meios de combate, segundo a Proteção Civil.

De acordo com a informação disponível às 00:30 no 'site' da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), no terreno a combater os fogos ativos estavam 733 operacionais, apoiados por 243 viaturas.

Os incêndios nos concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Murça e Chaves, no distrito de Vila Real, são os que continuam a mobilizar mais meios de combate, com um total de 738 operacionais e 256 viaturas.

O fogo que deflagrou na sexta-feira à tarde em Bustelo (Chaves), e que chegou a ser dado como dominado, era ainda combatido 161 bombeiros, auxiliados por 50 viaturas. Este incêndio, que passou para território espanhol, provocou no domingo danos em pelo menos sete habitações, cinco das quais devolutas, e em vários anexos.

Em resolução, às 00:30, estavam três incêndios, incluindo o da Guarda, que deflagrou na tarde desta segunda-feira e obrigou ao corte do Itinerário Principal 5 (IP5), entre Alvendre e Porto da Carne, bem como da autoestrada 25 (A25) entre Guarda e Celorico da Beira, a qual reabriu já durante a noite, e da estrada municipal que serve a localidade de Alvendre.

Àquela hora estavam mobilizados para este fogo, em trabalhos de consolidação, 271 operacionais e 63 veículos.

No distrito do Porto havia um fogo em curso, no concelho de Penafiel, a mobilizar mais de 100 operacionais e 31 veículos.

Portugal continental passou esta segunda-feira para situação de alerta, o nível de resposta mais baixo previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, depois de ter estado durante sete dias em situação de contingência (nível intermédio entre alerta e calamidade), devido ao risco extremo de incêndio rural e elevadas temperaturas.

A situação de alerta prolonga-se até às 23:59 desta terça-feira, quando voltará a ser reavaliada a situação.

Os incêndios florestais consumiram este ano 43.721 hectares, cerca de 30.000 dos quais desde 08 de julho, segundos dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Desde dia 07, os fogos provocaram um morto (o piloto de uma aeronave de combate aos fogos que se despenhou), cinco feridos graves, 109 feridos ligeiros e 95 pessoas assistidas.

Desde o dia 08, quando começaram a deflagrar os incêndios de maior dimensão, 960 pessoas foram retiradas das suas casas e 431 abrigadas nas zonas de concentração e apoio à população, tendo a maioria já regressado às suas habitações.

atualizada às 01.00

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