Duas maternidades estão juntas na formação
Mais um passo na inovação. Está a ser delineado um projecto com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com o Centro de Simulação Biomédica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, para, juntamente com o colégio de especialidade de ginecologia e obstetrícia, introduzir estas áreas de formação para os internos da especialidade.
"Estamos a elaborar um projecto que em 2010 irá funcionar para essa formação", revela, ao DN, Isabel Santos Silva, obstetra da Maternidade Bissaya Barreto (Coimbra). A especialista - que faz parte do grupo de especialistas deste centro de simulação - destaca a inovação "porque esta unidade de tecnologia de ponta tem o empenho dos profissionais de duas maternidades da cidade de Coimbra".
Isabel Santos Silva destaca ainda a importância do curso, que terminou ontem, em parceria com a Criostaminal. "Neste dia, não estivemos propriamente a treinar técnicas, uma vez que foi frequentado por pessoas já com formação estabelecida. Desta vez, estamos a formular e treinar áreas como o trabalho de equipa, comunicação entre os membros das equipas, identificação de erros (troca de processos do doente, não valorização do acompanhante que dá uma história clínica que por vezes a doente não consegue dar na altura)." Isto é, todos os treinos visaram reforçar a segurança do doente.
A comunicação parece ser, afinal, um aspecto crucial que está a ser treinado entre os diversos membros das equipas em ambiente crítico e potencialmente de risco: "O que nós sabemos é que, a maior parte dos maus desfechos clínicos não tem que ver com o facto de os profissionais não estarem bem preparados, mas, antes, com situações que ocorrem por erros de comunicação."
Findo o 10.º workshop, Isabel Santos Silva realça um dos factores mais importantes destes cursos: "É preciso uma pessoa que domine o software. Por exemplo, eu [como obstetra] estou deste lado da sala e vou interagindo. Ao lado de cada sala de controlo, há uma sala onde se analisa o que aconteceu." Esta fase de discussão e de auto-avaliação surge, então, como outra das inovações do treino médico. "Visionam-se as imagens e todos os profissionais envolvidos auto-analisam o que fizeram, a maneira como comunicaram. O que torna a aprendizagem importante." Num ambiente virtual, todos querem, afinal, lidar melhor com a realidade.