Duas equipas portuguesas cheias de ambição na Regata de Portugal

Lisboa é, pela primeira vez, palco da internacional World Match Racing Tour. Até domingo, vive-se a portugalidade no Rio Tejo e área circundante. Aqui, o desporto funde-se com a arte no geral
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"Hoje temos condições fantásticas para a prática de vela. O vento oeste propícia boas regatas, já que elas funcionam contra e a favor do vento." A informação é dada ao microfone pelo comentador de serviço, desejando um bom "espetáculo" aos presentes na primeira edição da Regata de Portugal, que vai "velejar" até domingo, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa.

Nesta prova, são 12 as equipas de velejadores do topo do ranking mundial que vão competir no Tejo, sendo esta uma das etapas de qualificação para a grande final da World Match Racing Tour. Duas destas equipas são portuguesas - a Team Portugal e a Adamastor Racing.

Ao DN, os quatro elementos da Adamastor não esconderam o orgulho que sentem em participar neste prova, uma das mais importantes competições internacionais de vela e que pela primeira vez passa por Portugal. A experiência dos quatro jovens começou três dias antes da competição. Foi durante esse tempo que tiveram oportunidade de apurar a sua performance em alguns dos catamarãs mais velozes e ágeis do mundo, construídos com tecnologia de ponta que lhes permite atingir uma velocidade única em mar.

"Fiz o circuito há dois anos com uma equipa sueca, mas como tripulante. Logo que surgisse oportunidade, fazia todo o sentido agarrá-la", diz Bernardo Freitas, o skipper da Adamastor Racing, sublinhando que a experiência é ótima "porque as regatas são intensas, o percurso é curto e veloz".

Foi por ser uma experiência a não perder que os quatro amigos e velejadores - Bernardo Freitas, Frederico Melo, Gil Conde e João Matos Rosa - se juntaram e formaram a Adamastor Racing propositadamente para esta prova.

Até porque, como diz Frederico Melo, "é bom juntar este importante circuito aos vários que já existem em Portugal". Além disso, como refere Gil Conde, "esta é uma oportunidade de conseguir patrocínios para estar presente em circuitos internacionais". João Matos Rosa, por seu lado, deixa antever as expectativas da equipa. "Temos qualidade e queremos fazer o melhor possível. Temos noção de que há equipas mais experientes, mas se nos apurássemos para os quartos-de-final era muito bom num circuito tão competitivo".

O Tejo com mais vida

Já equipados e, enquanto aguardam a sua vez de deslizar pelas águas do Tejo, os quatro jovens assistem às manobras da prova que abre o evento: uma fleet racing - regata de frota na qual os barcos concorrem em simultâneo, de forma a apurar os oito finalistas.

E foi ver o verde azulado ou o azul esverdeado do Tejo pincelado de todas as cores. As velas de cada catamarã revelaram-se uma excelente montra de produtos do mar e também da terra de origem portuguesa. Delta, Nacional, Gelpeixe, Santogal, Lusitania, Olá, Guloso e Vitacress tanto desfilaram suavemente como aceleraram e de que maneira. Que o diga Yann Guichar, o skipper da equipa francesa Spindrift Racing, a grande vencedora desta fleet race.

Terminada a prova conjunta, que já vinha do dia anterior, foi a vez da exibição mano a mano. Ou melhor, as equipas passaram a competir em formato match racing - barco contra barco, onde o primeiro a cortar a meta é vencedor.

Foi neste registo que a equipa do DN, também ela dentro de água, assistiu à exibição da outra equipa nacional em prova. A Team Portugal, liderada pelo skipper Hugo Rocha, fez as manobras de pré-largada (uns quatro minutos em que os dois barcos procuram a melhor forma de cortar as águas), arrancou para a linha de largada e fez um feito: "pela primeira vez um barco português lidera na primeira boia", anuncia entusiasmado o comentador.

Durante a corrida de gate a gate (boias limítrofes) a Team Portugal ultrapassou, teve bons e maus arranques, num verdadeiro "jogo do gato e do rato", parafraseando o comentador, que por momentos, achou que o barco cruzeiro atracado no terminal queria entrar na regata. O som sonante da buzina, velou-o a brincar com a situação.

E se o cruzeiro não estava para aí virado, o mesmo não se pode dizer da população de alforrecas que nadava em torno nos semi-rígidos, dos barcos da polícia marítima ou até de uma ou outra embarcação de recreio existente fora da zona reservada à Regata de Portugal. Claro que para as alforrecas o o limite é ilimitado e é vê-las a expandir os seu tentáculos, como que em pose para os fotógrafos.

Comes, bebes, cultura e afins...

Mas porque a Regata de Portugal é muito mais do que um evento desportivo, quem se deslocar ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa terá a oportunidade, não se de se familiarizar com a vela, mas também de provar o melhor da gastronomia marítima, ter aulas de yoga, assistir à atuação de DJ ou de visitar o Navio Escola Sagres (só no dia 5).

No campo da gastronomia, a organização convidou o chef Vítor Sobral para criar espaços gastronómicos no recinto. Nasce assim a Aldeia de Pescadores e o Cais do Tejo, dois conceitos diferentes mas que ambos proporcionam algo em comum - a degustação do peixe português.

A Aldeia de Pescadores (com capacidade para 600 pessoas) tem barraquinhas em madeira e mesas do mesmo material, onde são servidos os petiscos de casas como O Nobre (da chef Justa Nobre), A Padaria da Esquina (do chef Vítor Sobral), o Peixola e a Peixaria da Esquina. Nesta comunidade servem iguarias como sopa de santola, prego de atum, tártaro de robalo, e ostras da Ria Formosa.

No Cais do Tejo, um espaço mais sofisticado e da autoria do chef Vítor Sobral, serve-se peixe fresco pescado na costa portuguesa. Outra experiência gastronómica foi esta quinta-feira vivida com o chef Chakall no espaço live cooking.

Alusiva também ao mar é a exposição de arte urbana parente em vários contentores. Aqui convivem as figuras como pescadores, ondulação marítima, sereias e barcos.

Ao cair da noite é a vez dos DJ entrarem em ação. Esta quinta-feira o som está a cargo de uma das maiores referências do universo da música eletrónica portuguesa - Moulinex.

É neste mix de atividades que se vive a estreia de Portugal na World Macct Racing Tour. Ou melhor a Regata de Portugal, a portugalidade é a palavra de ordem até domingo.

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