Draghi diz em Itália que sair da UE ou do euro não dá maior soberania
"Estar fora da UE podia levar a uma maior independência política, mas não necessariamente a uma maior soberania. O mesmo ocorre com a moeda única", disse Draghi, no discurso que pronunciou ao receber o doutoramento Honoris Causa na Universidade de Bolonha, numa altura em que a Itália é governada por uma coligação de duas forças eurocéticas, a Liga (nacionalista) e o Movimento 5 Estrelas (antissistema).
"A UE é um marco institucional que permitiu aos Estados-membros ser soberanos em muitas áreas, é uma soberania partilhada, que é preferível a nenhuma em absoluto, é uma soberania complementar à exercida pelos Estados nacionais individualmente noutras áreas", afirmou.
Sem dar indicações sobre a política monetária do BCE, Draghi sublinhou a importância do projeto de integração europeia e salientou que atualmente "é mais relevante do que nunca".
Depois de sublinhar o "êxito político e económico" da UE que permitiu criar "uma prosperidade generalizada e duradoura fundada no Mercado Único e protegida pela moeda única", o economista italiano criticou os que argumentam que uma maior integração equivale a maior cedência de soberania.
O presidente do BCE defendeu que os Estados independentes "estão mais expostos a efeitos financeiros e a políticas comerciais agressivas de países estrangeiros" e recordou que "a UE representa 16,5% da produção económica mundial, só atrás da China, o que permite aos países europeus ter acesso a um grande mercado interno".
Ao referir-se à instituição a que preside, Draghi indicou que o BCE "enfrentou uma série de desafios que poucos podiam prever" e disse que a política monetária "cumpriu com êxito o seu mandato".