Doze dos maiores clubes europeus formalizam "Superliga" de futebol
Doze dos maiores clubes europeus, dos campeonatos inglês, italiano e espanhol, anunciaram a criação de uma Superliga, apesar da ameaça feita pela UEFA de excluir esses cubes das competições internacionais e nacionais, de de os seus jogadores poderem ser impedidos de representar as seleções.
"O AC Milan, o Arsenal, o Atlético Madrid, o Chelsea, o FC Barcelona, o Inter de Milão, a Juventus, o Liverpool, o Manchester City, o Manchester United, o Real Madrid e o Tottenham Hotspur juntaram-se como clubes fundadores", de acordo com o comunicado do grupo.
"Três clubes adicionais vão ser convidados a juntarem-se antes do início da época inaugural, que irá começar assim que possível", acrescentaram.
Os clubes publicaram comunicados nos seus sites oficiais. "No futuro, os Clubes Fundadores esperam discutir com a UEFA e a FIFA para trabalharem juntos em parceria e oferecer os melhores resultados para a nova Liga e para o futebol como um todo", lê-se no texto.
Antes do anúncio oficial, já a UEFA deixava uma ameaça: os clubes em questão serão proibidos de jogar em qualquer outra competição a nível nacional, europeu ou mundial sob alçada da UEFA, e os seus jogadores poderão perder a oportunidade de representar as respetivas seleções nacionais.
Num comunicado, o organismo máximo do futebol europeu diz que "a UEFA, a Federação Inglesa de Futebol e a Premier League, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a LaLiga, e a Federação Italiana de Futebol (FIGC) e a Lega Serie A ficaram a saber que alguns clubes ingleses, espanhóis e italianos podem estar a preparar-se para anunciar a criação de uma superliga fechada".
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Em janeiro, a FIFA já tinha avisado, num comunicado conjunto com as confederações do futebol mundial, que impediria de participar nas suas competições qualquer clube ou jogador que integrasse uma eventual competição de elite, disputada por convite por alguns dos maiores clubes europeus.
Já na madrugada desta segunda-feira, a FIFA emitiu um comunicado onde diz que só pode "desaprovar uma liga europeia fechada e dissidente, fora das estruturas do futebol", assumiu o organismo.
"A FIFA quer tornar claro que se posiciona fortemente a favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição equitativo. A FIFA posiciona-se sempre a favor da unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas para que tenham um diálogo calmo, construtivo e equilibrado, para bem do jogo", indica o organismo, em comunicado.
De acordo com o comunicado dos clubes, na Superliga vão participar 20 clubes -- além dos 15 fundadores, outros cinco que se classificam anualmente tendo em conta o rendimento da temporada anterior.
Os jogos terão lugar a meio da semana, de forma a permitir que os clubes continuem a disputar as ligas nacionais "preservando assim o calendário tradicional que está no centro da vida dos clubes".
"A temporada terá início em agosto com a participação dos clubes, em grupos de dez, em jogos em casa e fora. Os três primeiros de cada grupo classificam-se automaticamente para os quartos-de-final", segundo o comunicado, sendo que os clubes que fiquem em quarto e quinto jogam um playoff adicional (também com dois jogos). Só a final, em maio, será disputada num só jogo, em campo neutro.
A ideia é ter também a versão para o futebol feminino.
O presidente da Superliga é Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que defende que com esta competição os clubes vão ajudar "o futebol a todos os níveis e ocupar o lugar que lhe corresponde no mundo".
O vice-presidente é Andrea Agnelli, presidente da Juventus. "Os nossos 12 clubes fundadores representam milhares de milhões de fãs em todo o mundo. Unimo-nos neste momento crítico para que a competição europeia se transforme, dando ao desporto que amamos bases que sejam sustentáveis para o futuro, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos fãs e aos jogadores amadores um sonho e partidos de máxima qualidade que alimentarão a sua paixão pelo futebol."
O outro vice-presidente da Superliga é um dos presidentes do Manchester United, Joel Glazer. "Ao reunir os melhores clubes e jogadores do mundo para que joguem entre si durante toda a temporada, a Superliga abrirá um novo capítulo para o futebol europeu, assegurando uma competição e instalações de primeiro nível, e um maior apoio financeiro para a pirâmide do futebol em geral".
A criação desta Superliga está já a desencadear reações de choque ao mais alto nível, designadamente em Inglaterra e França, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e o presidente francês Emmanuel Macron a manifestarem-se contra a iniciativa..
A federação e a liga alemã da modalidade e a Associação Europeia de Clubes (ECA) também se juntam às vozes críticas, já antes assumidas também pelas instituições desportivas de Inglaterra, Itália e França, e também em Portugal pelo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença.
Boris Johnson, chefe do governo britânico, afirmou nas redes sociais que "os planos para uma Superliga europeia seriam muito prejudiciais para o futebol", pelo que apoia "as autoridades do futebol para que tomem medidas".
Para o governante, uma Superliga iria "apunhalar o coração do futebol nacional", defendendo que os clubes implicados "devem responder perante os adeptos antes de tomar qualquer medida".
O mesmo sentido seguiu Emmanuel Macron. Em comunicado, a presidência francesa garantiu que atuará por forma a proteger a integridade das competições das federações, tanto a nível interno como no plano europeu.
"O Presidente da República saúda a postura dos clubes franceses, que recusaram participar num projeto que ameaça o princípio da solidariedade e mérito desportivos", referiu.
Entretanto, a UEFA deve anunciar nesta segunda-feira o novo formato das competições europeias a partir da época 2024, sendo esperado uma alteração no modelo da Liga dos Campeões e um aumento para 36 equipas.
* com agências