Doping: português Eduardo Mbengani acusou EPO
A confirmação da ocorrência do teste positivo foi dada pelo atleta ao jornal A Bola, mas há mais de duas semanas que a informação corria nos meios do atletismo português. Na altura o DN tentou contactar, sem sucesso, o atleta e o seu treinador, Eduardo Henriques, e questionou a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) sobre esta informação. A FPA não confirmou nem desmentiu a notícia, alegando ter de preservar a confidencialidade do processo. Elisabete Costa, do departamento de comunicação, respondeu apenas que "quer exista, quer não exista, alguma situação em análise, a resposta só pode ser que, até estar concluída, qualquer suposta situação não constituí um caso de doping": "Só podemos dizer que efectivamente existe quando o processo está concluído."
Os procedimentos estão agora terminados. O atleta foi notificado em Fevereiro acerca do resultado da primeira análise, não tendo participado nos campeonatos nacionais de crosse, e na semana passada ficou a saber que a contra-análise confirmou a detecção de EPO sintética. "Fiquei surpreendido. Sei que estou limpo. Se tivesse tomado algo poderia ter faltado ao controlo. Não foi o caso. Estive sempre disponível, nunca faltei! Conscientemente não tomei nada. Nunca foi minha intenção tomar algo", afirmou o fundista ao diário desportivo, sem, contudo, explicar como uma substância comercializada apenas sob a forma injectável, para insuficientes renais, com regras de venda muito apertadas e sem estar presente em alimentos ou outros medicamentos, foi parar inconscientemente ao seu corpo.
Mbengani é filho de pai congolês e de mãe angolana, mas a guerra civil em Angola obrigou a sua família a vir para Portugal, quando o atleta tinha somente cinco anos. Naturalizou-se apenas em 2008. O atleta, de 26 anos, garante agora que vai aceitar a sanção ("Se as provas dizem que tomei algo, tenho de aceitar o castigo", disse) e que poderá regressar ao atletismo, mas só se os órgãos disciplinares aplicarem a sanção mínima permitida pelos regulamentos da FPA - dois anos - e não considerarem tratar-se de um caso grave de dopagem e optarem por uma suspensão mais longa.
Ainda recentemente, a FPA puniu um teste positivo por cocaína, produto com efeitos dopantes inferiores e menos prolongados que a EPO, com dois anos de suspensão. O visado foi Luís Almeida, atleta do Sporting que perdeu o título de campeão nacional do lançamento do dardo que conquistara no ano passado.