Doping do campeão olímpico dos 1500m e mais 4 atletas
Esta informação foi avançada pela Associated Press, citando um oficial com conhecimento dos resultados. De acordo com a mesma fonte, as contra-análises confirma que houve doping por parte de Ramzi (Bahrain), Rebellin (Itália), o ciclista Stefan Schumacher (Alemanha) e as atletas Athanasia Tsoumeleka (Grécia), campeã olímpica dos 20km em Atenas 2004, e Vanja Perisic (Croácia), especialista dos 800m
A halterofilista Yudelquis Contreras (República Dominicana), que na China competiu sob o nome Yudelquis Maridalin, foi ilibada pelo exame da amostra B. Em relação aos cinco anteriores, as audiências disciplinares deverão realizar-se no final deste mês.
Até agora só o resultado da contra-análise de Schumacher era conhecido: o seu advogado revelou a informação e anunciou que o seu cliente vai combater a acusação (ver relacionado).
Esta ronda de testes de doping positivos surgem depois de o Comité Olímpico Internacional (COI) ter decidido reanalisar as amostras de sangue recolhidas durante os Jogos de Pequim, recorrendo a avanços nas técnicas antidopagem experimentados inicialmente pela Agência Francesa de Luta contra a Dopagem, que também ordenou a reanálise das amostras recolhidas na Volta à França de 2008 e teve resultados semelhantes – Schumacher é visado nas duas rondas de testes e poderá ser irradiado do desporto.
ATLETISMO, CICLISMO E HALTEROFILISMO
Na ronda de exames realizada ainda em Pequim o organismo olímpico detectou nove casos de doping, declassificando atletas com medalhas: Lyudmila Blonska, prata no heptatlo, Vadim Devyatovskiy, prata no lançamento do martelo, Ivan Tsikhan, bronze no martelo, e Kim Jong Su, prata e bronze no tiro. Além do COI, a Federação Internacional de Desportos Equestres também encontrou vários casos de dopagem nas provas de hipismo, levando mesmo a Noruega a perder a medalha de bronze conquistada na prova de saltos por equipa.
O QUE É A CERA?
A EPO sintética imita a eritropoietina natural, que é produzida pelo rim humano e estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos, que transportam oxigénio para as células e por isso esta substância tornou-se num dopante muito usado no desporto. A indústria farmacêutica desenvolveu várias versões sintetizadas, para ajudar a reduzir a necessidade de transfusões sanguíneas de pacientes com insuficiência renal crónica ou anemia e para doentes no pré-operatório.
A CERA foi uma das últimas EPO sintéticas a serem desenvolvidas. Mas a colaboração entre a farmacêutica, a Roche, e a Agência Mundial Antidopagem (AMA) atingiu níveis inéditos: logo a partir de 2004 a Roche começou a ceder à AMA amostras e documentação sobre o medicamento, com marca comercial Mircera, que só recebeu autorização para entrar no mercado europeu em Julho de 2007. E um ano depois os laboratórios antidoping já tinham total capacidade científica e legal para declararem positivos por CERA.
"A CERA possui a mesma estrutura que a EPO clássica, de primeira geração. O seu efeito dura mais tempo e exige apenas uma injecção por mês”, afirmou recentemente Neil Robinson, responsável pelo despiste de EPO no laboratório de Lausana, explicando que este medicamento “representa um conforto para os hospitais, mas não para quem se dopa, pois o seu período de detecção no organismo é mais longo". Para Robinson, as EPO continuarão a ser uma grande ameaça ao desporto.