Dona da Budweiser prepara megafusão com a Foster's

A operação, caso se concretize, cria novo gigante, com capitalização bolsista de 217 mil milhões de euros, 1,5 vezes o PIB de Portugal.
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O mercado das cervejas poderá assistir a uma megafusão nos próximos dias. A Anheuser-Busch InBev (AB InBev), dona da Budweiser e da Corona, deverá apresentar uma proposta de fusão de 60 mil milhões de dólares (53,1 mil milhões de euros) à SABMiller, responsável pela cerveja Foster"s. A concretizar-se, a aquisição vai fazer nascer a maior cervejeira do mundo, com uma capitalização bolsista de 250 mil milhões de dólares (220 mil milhões de euros), 1,5 vezes o PIB de Portugal.

A dona da Foster's apenas refere oficialmente que "a proposta ainda não foi recebida e que não há mais detalhes para já. Não há certezas de que a oferta seja feita. Internamente, os acionistas estão a ser fortemente aconselhados a manter as ações e a não reagir a estas notícias", adiantou fonte oficial ao Financial Times.

Os títulos da SABMiller, cotados na Bolsa de Londres, reagiram em forte alta, com as ações a disparar 23,34%, para 37,18 libras. Os papéis da AB InBev, que negoceiam na Bolsa de Bruxelas, subiram 6,41%, para 100,50 euros.

O fundo de private equity brasileiro 3G Capital é o maior acionista da dona da Budweiser e quer que o processo decorra de forma amigável. Este fundo, que ajudou a promover a fusão entre a Heinz e a Kraft em março deste ano, tem uma relação próxima com o multimilionário Warren Buffett. As conversações para este processo terão arrancado em 2014, depois de vários bancos terem sido contactados para financiar a operação. Os belgas, já neste verão, terão pedido sugestões de empresas deste setor que poderiam ser compradas.

Foi estabelecido, por agora, um prazo para que a AB InBev formalize a oferta sobre a SABMiller. A operação terá de ser formalizada até 14 de outubro. Caso contrário, a proposta é retirada ainda antes de ser tornada pública no mercado britânico.

A fusão, caso seja concretizada, poderá passar pela imposição de várias condições junto dos reguladores de vários países, como Estados Unidos e China. A AB InBev e a SABMiller, em conjunto, passarão a ter uma quota de mercado de 30,5%, muito superior à da segunda marca no ramo das empresas cervejeiras, a Heineken (9,1%), segundo dados da Euromonitor citados pelo Financial Times.

A própria Heineken terá sido contactada pela SABMiller no ano passado para uma possível operação, mas que acabou por não se concretizar, segundo o Wall Street Journal. Os analistas consideram que esta poderia ser uma reação à proposta de concentração que deverá ser apresentada nos próximos dias pela dona de marcas como a Budweiser e a Corona.

A oferta de 60 mil milhões de dólares, a concretizar-se, entra para o top 5 das maiores fusões do ano. Tabela liderada pela Shell, que lançou uma OPA de 81,5 mil milhões de dólares (47 mil milhões de libras, na altura) sobre os britânicos do BG Group, em abril. As fusões e aquisições já chegaram aos 3,2 biliões de dólares (2,8 biliões de euros) em 2015, mais 29% do que em 2014.

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