Dois portugueses muito perto da glória mundial
Um início de ano extraordinário. É isso que se espera para o futebol português com a coroação de Fernando Santos e Cristiano Ronaldo com o prémio de melhor treinador e futebolista de 2016, respetivamente, na Gala da FIFA que se realiza em Zurique, no próximo dia 9 de janeiro.
É a primeira vez que estes dois troféus podem seguir para o mesmo país. Portugal, pois claro. Seria o reconhecer de um ano excecional, em que a seleção nacional conquistou o primeiro troféu internacional após 95 anos de alguns brilharetes e vários fracassos. O título de campeão da Europa muito se deve, de facto, à fé e à astúcia de Fernando Santos. "Só vou no dia 11 de julho [dia seguinte à final do Euro 2016] para Portugal e vou ser recebido em festa", disse o treinador de 62 anos ainda na primeira fase do Campeonato da Europa, numa altura em que as coisas até nem estavam a correr bem à equipa. Esta frase marcou a força mental e a crença do treinador lisboeta, que agora chega ao ponto mais alto de uma carreira em que passou por vários clubes, entre os quais os três grandes do futebol português, e na qual fez uma espécie de preparação para o cargo de selecionador nacional durante três épocas a comandar a seleção da Grécia.
A outra face do sucesso português é Cristiano Ronaldo, que viveu, como o próprio já admitiu, o melhor ano da sua vida desportiva. É que além do título europeu pela equipa das quinas, foi ainda importantíssimo para que o Real Madrid conquistasse a 11.ª Liga dos Campeões e decisivo (com três golos) na recente conquista do Mundial de Clubes. Um 2016 em cheio se considerarmos ainda que se tornou o maior goleador de todos os tempos do clube espanhol e de ter batido vários recordes importantes. Além da conquista dos títulos mais desejados do futebol europeu, CR7 recebeu a tão cobiçada Bola de Ouro, prémio que voltou a ser atribuído em exclusivo pela revista francesa France Football, com mais de 400 votos de vantagem sobre o argentino Lionel Messi. Foi a quarta vez que levou para o seu museu pessoal, no Funchal, aquele troféu individual que, quando era criança, sonhou receber pelo menos uma vez, um indicador que, afinal, será naturalmente coroado também pela FIFA como o melhor futebolista do planeta.
Ronaldo é claramente o favorito, ainda que os outros dois finalistas sejam jogadores de respeito: o francês Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid, e o argentino Lionel Messi, do Barcelona, habitual rival nestas lutas, com quem tem partilhado os louros de melhor do mundo desde 2008, num domínio repartido nunca antes visto numa história de mais de cem anos de futebol, sempre repleta de grandes estrelas e futebolistas míticos.
Já no que diz respeito à corrida para melhor treinador do mundo, a luta promete ser bem mais acesa. É que a concorrência de Fernando Santos é de peso. Desde logo o francês Zinedine Zidane, de 44 anos, que levou o Real Madrid à conquista da Liga dos Campeões na sua primeira época como treinador ao mais alto nível. E há ainda o veterano italiano Claudio Ranieri, que aos 65 anos, após uma carreira de técnico iniciada em 1986 e com passagens por grandes clubes europeus, alcançou o seu primeiro título de campeão com o improvável Leicester na todo-poderosa Premier League inglesa. Um feito em que muitos só acreditaram ser possível depois de o verem consumado. É que os foxes eram apontados como candidatos à... descida de divisão, mas afinal a astúcia de Ranieri acabou por ser mais forte do que os milhões de euros investidos pelos grandes emblemas ingleses.
O anúncio do melhor jogador e do treinador do mundo está assim previsto para o dia 9 de janeiro, na Gala da FIFA, que se realiza em Zurique. Com a separação da parceria que o organismo mundial tinha com a revista France Football nesta eleição, o sistema de votação foi ligeiramente alterado. 50% dos votos são representados pelos selecionadores e capitães de equipa dos países filiados na FIFA. A outra metade será da responsabilidade de 200 jornalistas de vários órgãos de comunicação e por votação do público através do site do organismo que tutela o futebol mundial.
Se para Santos um triunfo significaria uma estreia, para Cristiano Ronaldo poderá representar a quinta Bola de Ouro, depois das conquistas em 2008, 2013, 2014 e já neste ano com a distinção da revista France Football. O que permitiria ao jogador português do Real Madrid igualar o número de troféus do seu grande rival Messi, vencedor das edições de 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015.