O jornal brasileiro teve acesso a documentos confidenciais da ONU, do Ministério da Defesa do Brasil e do Ministério das Relações Exteriores sobre o período inicial da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah)..A missão da ONU no Haiti liderada pelo Brasil começou em 2004 e terminou em 2017, dando projeção internacional às Forças Armadas, mas também tornou os militares brasileiros alvo de críticas, principalmente no que se refere a excessos cometidos com a população civil, no âmbito de ações contra gangues em favelas daquele país caribenho..A reportagem cita como um exemplo destes excessos uma ação que ocorreu na manhã de 06 de julho de 2005, quando 440 militares comandados pelo Brasil entraram na favela de Cité Soleil para tentar capturar Emmanuel Wilmer, líder de um gangue local..Este episódio gerou um confronto armado, que terminou com o assassinato de Emmanuel Wilmer e cinco membros de seu grupo, além de relatos de organizações não-governamentais haitianas e estrangeiras sobre um "massacre" com 60 vítimas civis supostamente atingidas pelas tropas sob o comando do Brasil..Num relatório enviado à ONU sobre a operação, o então chefe civil da Minustah, Juan Valdés, citou que até 27 civis, incluindo crianças, poderiam ter sido feridos nos confrontos..A própria Minustah abriu uma investigação sobre o caso, que permanece sob sigilo..Questionada pelo jornal brasileiro, fonte da ONU disse que "não encontrou evidências para dar substância às alegações de que a Minustah foi responsável por mortes, ferimentos ou danos naquela operação"..Os militares brasileiros também terão reconhecido problemas na área de direitos humanos. .Um relatório do general brasileiro João Carlos Vilela Morgero, sobre o final de seu período como comandante do batalhão, apontava "ausência de conhecimentos básicos sobre o tema", ao descrever o preparo dos soldados no item direitos humanos..Ao longo dos 13 anos da missão do Brasil no Haiti foram mobilizados 37.500 militares e diversos ex-comandantes da missão estão hoje na primeira linha do Governo liderado pelo Presidente, Jair Bolsonaro..Entre eles destacam-se os generais Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), Floriano Peixoto (Secretaria-Geral) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa), além do comandante do Exército brasileiro, Edson Pujol.