Do sabor natural das coisas

UMA PASTELARIA EM TÓQUIO, Naomi Kawase
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Há uma maior pulsão narrativa neste filme de Naomi Kawase, do que, por exemplo, no anterior, A Quietude da Água (2014) - primeira estreia de um título seu nas nossas salas. E o motivo reside justamente no facto de se tratar de uma adaptação literária, contrastando com uma filmografia praticamente composta só da escrita da própria realizadora japonesa.

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Talvez por isso se tem inferido que Uma Pastelaria em Tóquio é o seu filme menos enigmático, embora Kawase não abandone as sementes da espiritualidade proveniente da natureza. É afinal esse ensejo de harmonia íntima com o mundo físico que caracteriza o seu cinema. Nesta configuração, as duas personagens centrais de Uma Pastelaria em Tóquio - uma idosa e um pasteleiro de meia-idade - juntam-se numa encruzilhada de paladares e sabedoria, que começa na confeção terna de uma especialidade japonesa, o dorayaki, e resvala para uma paisagem psicológica, em que os dois nos dão a conhecer os sofrimentos do passado, com cicatrizes no presente.

Aqui, a sombra das cerejeiras em flor vigia a felicidade e as angústias da genuína humanidade.

Classificação: *** Bom

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