Do Douro Azul para a exploração oceânica: navios de Mário Ferreira com viagens esgotadas até 2023
O negócio dos cruzeiros de Mário Ferreira, empresário que detém o grupo Mystic Invest, não para de crescer. Ano após ano aumenta a frota, as vendas e o número de passageiros. Prestes a batizar o seu novo navio - uma aposta para viagens oceânicas e expedições na Antártida e no Ártico, num investimento de 70 milhões de euros -, Mário Ferreira admite que irá ultrapassar neste ano a fasquia dos cem mil passageiros e atingir vendas da ordem dos 182 milhões. As viagens já estão esgotadas.
O MS World Explorer, cuja construção está na reta final nos estaleiros da West Sea, em Viana do Castelo, é o primeiro de três navios oceânicos que o empresário vai lançar ao mar até abril de 2021. O objetivo da aposta nestes cruzeiros é atingir "a liderança na área das expedições num prazo de quatro a cinco anos", sublinha. O projeto obrigará a aumentar a frota de navios, mas para já não desvenda as novas intenções de investimento. O foco está no lançamento do MS World Explorer ao mar.
O arranque da operação está agendado para 2 de maio, com um cruzeiro entre o Porto e Palma de Maiorca. No entanto, Mário Ferreira admite que "existe uma forte probabilidade de adiar" a viagem inaugural devido à complexidade da construção. "O navio já devia estar concluído no início do ano, mas, quando se trata de um protótipo, em que é preciso agregar um conjunto de especialidades, é comum surgirem dificuldades e desafios que têm de ser resolvidos com rigor", justifica. Esta embarcação "sai fora da construção naval regular e tem de cumprir um conjunto de exigências" para poder navegar em águas polares.
A construção dos dois próximos navios será mais célere. Aliás, pode ver-se nos estaleiros da West Sea 30 blocos, que vão começar neste mês a ser montados e começar assim a dar corpo à segunda embarcação, a concluir no prazo de um ano. O aço para o terceiro navio também já foi comprado. No total, os três navios oceânicos vão implicar um investimento de 210 milhões. O financiamento integra capitais próprios, um empréstimo obrigacionista e uma operação de sell e leaseback (venda e posterior arrendamento) com o maior banco do mundo, o chinês ICBC.
As viagens deste novo navio já estão vendidas até 2023, de acordo com Mário Ferreira. Nas suas contas, a nova operação vai contribuir neste ano com cerca de 12 milhões de euros para as vendas do grupo e em velocidade cruzeiro deverá atingir os 25 milhões.
O grupo Mystic Invest explora atualmente 48 embarcações (16 no rio Douro e 32 espalhadas por vias navegáveis internacionais como Reno, Elba, Danúbio, Volga, Nilo ou Yangtze) e emprega mais de 600 colaboradores. No ano passado, as vendas atingiram os 126 milhões, um crescimento de 16% face a 2017 justificado pelo crescimento do negócio e pelo aumento do número de embarcações (mais três). Em 2018, foi responsável por transportar 85 mil turistas, mais nove mil do que em 2017. O cash flow operacional atingiu os 18 milhões.
A construção dos navios para o grupo de Mário Ferreira obrigou os estaleiros da West Sea, em Viana do Castelo, a recrutarem fora para fazer face à falta de mão-de-obra na cidade. Só nos acabamentos do MS World Explorer estão envolvidos 700 trabalhadores.
"Hoje não se consegue alugar um quarto ou um apartamento em Viana do Castelo, porque os que existiam estão praticamente tomados por trabalhadores que estamos a trazer de todo o lado", garante o empresário.
A cantora franco-italiana Carla Bruni é a madrinha do novo navio de Mário Ferreira, o World Explorer, cuja cerimónia de batismo está agendada para sábado (dia 6). No evento, onde são esperados representantes do governo e dezenas de convidados dos quatro cantos do mundo, Bruni irá cantar canções do seu vasto reportório e juntar-se-á ao português Pedro Abrunhosa para um dueto.