Do desafio português ao enguiço de Messi. 10 razões para seguir a Copa América

O Brasil, a jogar em casa mas sem Neymar, vai tentar quebrar o jejum que dura desde 2007 e Lionel Messi procura o seu primeiro título pela seleção Argentina. Ao serviço da Colômbia, Queiroz vai tentar fazer história e tornar-se no segundo técnico europeu a conquistar a prova.
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A 46.ª edição da Copa América, a principal competição de futebol entre seleções sul-americanas, arranca nesta sexta-feira (até ao dia 7 de julho) no Brasil, numa competição que vai reunir 12 países - Argentina, Brasil, Bolívia, Chile (o atual campeão), Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai (o maior campeão, com 15 títulos), e ainda dois convidados: Japão e Qatar. A seleção canarinha, até pelo facto de jogar em casa, parte com um ligeiro favoritismo. Mas terá pela frente algumas seleções que também ambicionam levantar o troféu, casos do Uruguai, da Argentina de Lionel Messi, do bicampeão em título Chile ou da Colômbia, treinada pelo português Carlos Queiroz. O jogo inaugural será já na madrugada de sábado em Portugal e vai opor o Brasil à Bolívia (1.30). Ainda no sábado, às 23.00, será a vez do escaldante Argentina-Colômbia. Os jogos serão transmitidos pela SportTV.

1. Será desta que o Brasil quebra o jejum na prova que já dura desde 2007?

A seleção treinada por Tite parte como uma das favoritas da competição e tem do seu lado um dado estatístico: sempre que o torneio se disputou no Brasil, os canarinhos venceram (1919, 1922, 1949 e 1989). Mas a verdade é que estando sempre entre os favoritos, os brasileiros não ganham desde 2017 - 3-0 à Argentina, na final. Para complicar ainda mais as contas, a equipa está privada da sua grande estrela, o brasileiro Neymar, que sofreu uma lesão num jogo particular e ficou de fora. Isto curiosamente numa altura em que o jogador do PSG estava a ser acusado de violação por parte de uma mulher. Mas uma seleção que tem jogadores como Alisson, Dani Alves, Filipe Luís, Miranda, Thiago Silva, Marquinhos, Fernandinho, Arthur, Casemiro, Philippe Coutinho, Roberto Firmino e Gabriel Jesus, entre outros, como o portista Diego Militão, garantem qualidade e experiência. E depois, claro, ajuda o facto de jogarem em casa...

2. Conseguirá Messi levantar um troféu pela Argentina pela primeira vez?

Entre Mundiais e a principal competição sul-americana de seleções, Lionel Messi, 32 anos, já esteve em quatro finais de grandes provas, mas nunca conseguiu sair vencedor. E em metade das oito provas em que participou caiu nos penáltis. Foram muitas as frustrações do craque do Barcelona ao serviço da seleção do seu país, facto que o levou mesmo a ponderar abandonar a equipa, devido às muitas críticas que recebeu. No seu currículo já constam dois títulos importantes pelo seu país, mas não na seleção principal: venceu o Mundial de sub-20, na Holanda, em 2005, e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Na seleção principal continua a zeros, numa trajetória que, em grandes competições, começou no Mundial de 2006, em que a Argentina caiu nos quartos-de-final, derrotada pela Alemanha, nas grandes penalidades (2-4). No ano seguinte, na sua primeira Copa América, chegou à final, mas, na Venezuela, o Brasil venceu por 3-0. Para Messi, esta prova assume ainda uma outra importância a outro nível. É que numa altura em que as contas para a Bola de Ouro parecem ainda por definir, um triunfo nesta competição seria-lhe muito favorável, pois juntaria este troféu ao campeonato espanhol e à Supertaça de Espanha.

3. Quais são as seleções mais valiosas da Copa América?

A equipa canarinha é de longe a seleção com mais valor de mercado. De acordo com os dados do portal transfermarkt, referência do mercado de jogadores, a equipa brasileira, mesmo privada de Neymar, está avaliada em 956,5 milhões de euros, muito à custa do facto de ter cinco dos 10 jogadores mais valiosos do torneio: Phillipe Coutinho (100 milhões), Roberto Firmino (80), Gabriel Jesús (70), Casemiro (70) e Alisson Becker (65). No segundo lugar desta lista surge a Argentina, avaliada em 667,7 milhões de euros, muito à custa dos 160 milhões que vale Lionel Messi. A fechar o pódio surge o Uruguai (467,5 milhões).

Eis o valor das seleções:

Brasil- 956,5M
Argentina - 667,7M
Uruguai - 467,5M
Colômbia- 323,1M
Chile- 136,4M
Paraguai - 76,5M
Venezuela - 57,1M
Japão - 52,2M
Perú - 46M
Equador- 45,2M
Qatar - 17,1M
Bolivia - 8,3M

4. Conseguirá Carlos Queiroz igualar marca com 80 anos?

Nas 12 seleções presentes na Copa América, apenas duas são treinadas por técnicos europeus. A Colômbia, por Carlos Queiroz, e o Qatar, pelo espanhol Félix Sánchez. Partindo do princípio que o Qatar está definitivamente de fora do lote de equipas com aspirações a vencer o torneio, o antigo selecionador português é o único que pode igualar um feito que só aconteceu uma única vez na história da Copa América: tornar-se no segundo selecionador europeu a vencer a prova. Até hoje, o único a consegui-lo foi o inglês Jack Greenwell, que em 1939 levou o Perú à vitória. Nesta edição, além de Queiroz e Sánchez, só há mais um técnico que não tem origem sul-americana, o selecionador japonês Hajime Moriyasu. De resto são todos da América do Sul: Lionel Scaloni (Argentina), Tite (Brasil), Óscar Tabárez (Uruguai), Rafael Dudamel (Venezuela) e Eduardo Villegas (Bolívia). Depois há ainda dois caso de colombianos que orientam seleções de outros países: Reinaldo Rueda (Chile) e Hernán Gómez (Equador).

5. O que esperar do Uruguai, o recordista de títulos?

Vencedor pela última vez em 2011, na Argentina, a seleção uruguaia treinada por Óscar Tabárez (há 13 no cargo) está entre o lote de candidatas à vitória na Copa América, numa seleção onde saltam à vista o nome de futebolistas como Luís Suárez, Edinson Cavani, Diego Godín ou Fernando Muslera, num conjunto que integra ainda Sebastián Coates, defesa central do Sporting, mas já sem o portista Maxi Pereira. Com 15 troféus conquistados na competição, a equipa celeste foi a primeira vencedora do torneio, em 1916, e a sua última conquista aconteceu em 2011, no torneio disputado na Argentina, derrotando na final o Paraguai, por 3-0. De acordo com um estudo realizado pela Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, o Uruguai é a segunda seleção mais cotada para vencer a prova, com 12% de possibilidades, muito longe do favorito Brasil, que de acordo com este estudo tem 51% de chances de se sagrar campeão.

6. A promessa de Higuita pela Colômbia de Queiroz. Irá cortar o cabelo?

René Higuita, hoje com 52 anos, foi provavelmente o guarda-redes mais marcante da Colômbia. Pela qualidade e pela excentricidade. Pois bem, desta vez Higuita colocou a fasquia muito alto na sua fé na seleção colombiana, com uma promessa de cortar a sua (ainda) farta cabeleira se o seu país não vencer a Copa América. "Há uns meses fiz uma promessa e disse que se a Colômbia ganhasse cortava o cabelo. Mas agora, com a fé que tenho nesta seleção, afirmo que corto o cabelo se a Colômbia não for campeã. É esta a minha aposta. É a confiança que tenho na minha seleção. Com todo o respeito pelos meus antigos companheiros, esta é a melhor seleção dos últimos anos, composta por jogadores que atuam nos melhores clubes do mundo", disse. Cabe agora à seleção comandada pelo português Carlos Queiroz evitar que Higuita corte o cabelo. E para isso conta com jogadores conhecidos como James Rodríguez, Falcao, Cuadrado, David Ospina e Zapata. A baixa mais importante é o ex-portista Juan Quintero, do River Plate. Logo a abrir a prova, a Colômbia terá um duro teste - defronta a Argentina de Messi.

7. Quem são os 'portugueses' que vão estar em ação?

O Sporting, com três futebolistas, é o clube mais representado, contando um jogador na Argentina (Acuña), um no Uruguai (Coates) e outro na Colômbia (Borja). E na Venezuela existem dois jogadores que atuam no nosso campeonato, o defesa Osorio, que alinhou no Vitória de Guimarães, e o avançado Jhon Murillo, do Tondela. A representação da I Liga completa-se com o defesa brasileiro Éder Militão, que cumpriu em 2018/19 a primeira época ao serviço do FC Porto, mas, entretanto, já foi vendido, por 50 milhões de euros, aos espanhóis do Real Madrid. Na última edição do campeonato luso também participou o avançado chileno Castillo, que não terminou a prova, pois foi emprestado em janeiro pelo Benfica aos mexicanos do América, não deixando, porém, de sagrar-se campeão. Os encarnados têm mais um jogador que fez parte dos seus quadros entre os eleitos para a Copa América, o avançado peruano André Carrillo, que foi emprestado em 2017/18 ao Watford e em 2018/19 ao Al Hilal. Entre os eleitos para a prova de 2019 muitos já passaram pelo futebol português, casos de Ederson, Advíncula, Otamendi, Arias, Alex Sandro, Casemiro, Hurtado, James Rodríguez, Di Maria, Falcao ou Óscar Cardozo. E depois, claro, há Carlos Queiroz, o atual selecionador da Colômbia.

8. Porque é que o Japão e o Qatar jogam neste torneio?

Ao olhar para as 12 seleções que a partir desta sexta-feira vão começar a disputar a prova, saltam à vista duas equipas que nada têm que ver com a América do Sul. Mas afinal porque estão Japão e Qatar na prova? Desde a sua primeira edição, em 1916, que a Copa América teve vários formatos. Começou por ser disputada apenas por quatro seleções, na última edição atingiu o máximo de 16... e este ano a organização decidiu convidar duas seleções de fora do continente, dois países com quem a CONMEBOL tem excelentes relações. O Qatar será o anfitrião do próximo Campeonato do Mundo (2022) e o Japão estará pela segunda vez no torneio, depois de ter participado também na edição de 1999, no Paraguai. O convite a estas duas seleções explica-se também pelo facto de equipas como o México e os Estados Unidos, que já foram convidados em provas anteriores, não estarem disponíveis, pois vão participar num torneio da sua própria confederação, a Copa de Ouro, que se realiza entre 15 de junho e 7 de julho.

9. Quem são os 11 craques que nunca ganharam a Copa América?

Messi não é um caso único na história da competição mais importante de seleções sul-americanas. Pelé e Maradona, dois dos maiores futebolistas de sempre, nunca conseguiram conquistar a Copa América. O rei brasileiro, inclusivamente, participou apenas numa edição, em 1959. Mas apesar de se ter sagrado o melhor marcador da prova, não a venceu. O astro argentino participou em três edições do torneio - em 1979 a Argentina foi eliminada precocemente sem ganhar um único jogo; em 1987 foi quarta classificada e em 1989 caiu diante do Brasil. Outros nove grandes nomes sul-americanos do futebol mundial que nunca venceram a Copa América foram José Luis Chilavert (Paraguai), Valderrama (Colômbia), Zamorano (Chile), Recoba (Uruguai), Alex Aguinaga (Equador), Etcheverry (Bolívia), Claudio Pizarro (Perú), Zico e Sócrates (Brasil).

10. Quanto ganha a equipa que vencer a prova?

Tal como no Campeonato da Europa e do Mundo, a Copa América também tem prémios generosos para distribuir entre os participantes da prova. O maior bolo, claro, está destinado à seleção que vencer a competição, que receberá um cheque de 10 milhões de euros (o total acumulado, contabilizando já as várias passagens de fases). O vice-campeão também não vai para casa com as mãos a abanar, pois receberá um prémio acumulado de oito milhões de euros. Para o terceiro classificado estão destinados sete milhões e para o quarto seis. A presença nos quartos-de-final implica um encaixe cinco milhões de euros. Resta dizer que cada equipa participante tem logo assegurado um prémio de 3,5 milhões de euros.

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