Diz-me que cartão tens, dir-te-ei quem és ....

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São pouco mais de dez mil os cartões de crédito de topo existentes em Portugal. Entre estes, contam-se algumas dezenas, poucas, de cartões Black, o topo do topo, com a insígnia que os notabilizou, a American Express.

No entanto, não são cartões portugueses, uma vez que nenhum banco emite em Portugal cartões Black, sejam eles da American Expressou da Visa. Os poucos cidadãos portugueses que os possuem adquiriram-nos através de instituições de crédito internacionais, sempre por convite. Estão reservados aos muito ricos e que praticam um estilo de vida verdadeiramente "galáctico". Belmiro de Azevedo, Luís Figo ou José Mourinho são algumas das personalidades que os devem ter na sua carteira, dizem alguns conhecedores do mercado, mas trata-se de um facto difícil de confirmar.

Em Espanha, por exemplo, estima-se que existam 300 "eleitos", com este cartão, enquanto em todo o mundo este clube restrito conta com 17 mil membros.

Quem tem este quadrado de plástico negro, com 8,5 centímetros de comprimento por 5,3 centímetros de altura - que chega às mãos do seu destinatário dentro de uma caixa de jóias -, não o mostra, só o usa em locais sofisticados e raramente diz que o tem. A discrição é a "regra de ouro", quer para quem o possui quer para quem o atribui. Usá- -lo em países onde a fraude de cartões é elevada é um verdadeiro perigo. A anuidade de um Black pode chegar aos dois mil euros e o gasto médio mensal de quem o usa ronda 50 mil euros. Limite de crédito é um conceito inexistente.

Mas quais são os cartões de crédito de topo existentes em Portugal? Neste momento, são os Platinum (ou Platina, prateados), emitidos por cinco bancos, uns com a marca Visa, outros com a Mastercard, e ainda da American Express.

"Os titulares destes cartões correspondem normalmente a um perfil de indivíduos que apreciam viajar, têm apetência pelas novas tecnologias e um estilo de vida focado em actividades sociais, culturais e desportivas", explica ao DN o director da Visa para Portugal, Sérgio Botelho. Esta marca internacional ainda não lançou em Portugal o seu cartão de topo, o correspondente para o segmento Black, ou seja, o Visa Infinite.

Também a Mastercard ainda não dispõe em Portugal do seu cartão para o segmento mais alto, o Mastercard World. "O mercado português de meios de pagamento é muito sofisticado e os segmento Gold e Platinum são muito bem trabalhados", refere Paulo Raposo, director da Mastercard para Portugal.

Os clientes portugueses, identificados pelos bancos e marcas de cartões como o mercado potencial para a atribuição de um Platinum ou mesmo de um equivalente Gold para algumas instituições, correspondem a 5% do total de detentores deste meio de pagamento. Trata-se de um universo de pouco mais de 150 mil consumidores.

Nesta gama alta, o top of thetop dos cartões emitidos em Portugal andará em torno dos dez mil, segundo algumas fontes contactadas. Já no que respeita ao segmento Gold, que no mercado português tem conhecido uma forte expansão, existirão entre 500 a 600 mil cartões. Trata-se de um cartão que, na sociedade portuguesa, é sinónimo de statu e muitos gostam de o ostentar.

De salientar que muitos bancos - entre eles a CGD e o BPI - não têm na sua oferta os Platinum, disponibilizando os Gold para os seus clientes de perfil médio/alto e alto, criando vários cartões deste tipo, com diferentes ofertas.

O mercado português de cartões tem características próprias que o distingue dos restantes países europeus. O sistema é dual, ou seja, a maior parte dos portugueses possui cartões que acumulam a função de débito e crédito. Isto afasta o consumidor do pagamento a prazo das suas compras.

Existem em Portugal mais de 13 milhões de cartões de débito e crédito, dos quais 3,5 milhões têm apenas a função de crédito. Os portugueses gostam muito deste meio de pagamento, mas fazem-no essencialmente para pagar de imediato as suas compras. Pagar a crédito é ainda, para uma boa parte da população, sinónimo de dívida. Mas para quem tem cartões de topo é sinónimo de distinção. |

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