O ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, disse hoje que as disparidades salariais afetam sobretudo as mulheres mais qualificadas, que chegam a receber menos 25% de vencimento do que homens com as mesmas qualificações..[citacao:Vamos ter brevemente uma lei sobre disparidades salariais, que são disparidades indiretas].Intervindo em Coimbra, na sessão de apresentação do projeto-piloto "Engenheiras por Um Dia", que visa promover o acesso de mulheres às áreas das engenharias e tecnologias, Eduardo Cabrita afirmou que o Governo prepara uma lei que visa combater as disparidades salariais entre homens e mulheres.."Vamos ter brevemente [...] uma lei sobre disparidades salariais, que são disparidades indiretas. E que afetam, curiosamente, sobretudo as mulheres mais qualificadas", afirmou Eduardo Cabrita..Argumentando que há "pouquíssimos exemplos" de países com legislação do género, Eduardo Cabrita disse que a Alemanha e a Islândia "fizeram caminhos nesse sentido" e adiantou que o Governo português pretende "trabalhar com as empresas" sobre o fenómeno das disparidades salariais.."As disparidades aumentaram nos tempos de crise, reduziram-se nos últimos anos. O aumento sucessivo, significativo, do salário mínimo em 2016 e 2017 reduziu bastante as disparidades salariais, porque há muitas mulheres a ganhar o salário mínimo", frisou o governante..No entanto, acrescentou, se se falar de mulheres com licenciatura ou formação acima da licenciatura, a disparidade salarial em Portugal atinge cerca de 25%, ou seja, "à medida que a qualificação aumenta, a disparidade também aumenta..É sobre a identificação desses fatores não escritos e decorrentes de estereótipos, de práticas empresarias, que o executivo pretende agir..Segundo o Governo, o projeto-piloto hoje apresentado "centra-se no combate e prevenção da intensificação da segregação das ocupações profissionais em razão do sexo e, em especial, na ausência das mulheres das áreas de engenharia e tecnologias"..Vai funcionar, até maio de 2018, em parceria entre a tutela, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, o Instituto Superior Técnico, a Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres e dez escolas e agrupamentos do ensino público de nove localidades do continente: Porto, Matosinhos, Fundão, Figueira da Foz, Miranda do Corvo, Pombal, Vila Franca de Xira, Évora e Seixal..O projeto "Engenheiras por Um Dia" visa "promover, junto das estudantes de ensino não superior, a opção pelas engenharias e pelas tecnologias, desconstruindo a ideia de que estas são domínios masculinos"..Será operacionalizado junto das escolas aderentes, entre outros, através de um conjunto de "desafios concretos nas áreas de engenharia", propostos pelo Instituto Superior Técnico e dinamizados, em cada escola envolvida, por uma equipa de alunas daquele instituto, que se transformarão em mentoras das estudantes de cada escola ou agrupamento participantes.."Globalmente, pretende-se combater os preconceitos e estereótipos sociais sobre o que é suposto ser próprio e adequado às mulheres e raparigas, estereótipos esses que condicionam, ainda, as opções escolares e escolhas formativas e de carreira", lê-se na justificação do projeto..Dados hoje disponibilizados pelo Governo sustentam que, apesar da evolução positiva das áreas profissionais associadas às engenharias e às tecnologias, quanto a remunerações e rendimentos, possibilidades de carreira e potencialidades de inovação e de progresso para a economia, é notória "uma evolução negativa preocupante da taxa de feminização dos cursos de engenharia e tecnologias"..De acordo com os mesmos dados, nos últimos três anos letivos, entre 2013 e 2016, a percentagem de inscritas nos cursos de licenciatura em engenharia "situou-se em cerca de 19%"."E, se retirarmos os cursos de Engenharia Química, Química e Biologia, Biomédica e Bioengenharia (nos quais se concentram as inscrições do sexo feminino), esta percentagem desce para cerca de 15%, mantendo-se inalterável nestes três anos", situação que o projeto-piloto pretende alterar.