Discos dão vida a um instrumento idealizado por Carlos Paredes

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Chama-se guitolão e é um novo instrumento português. No fundo é uma guitarra portuguesa barítono, idealizada por Carlos Paredes e construída por Gilberto Grácio, cuja história começa ainda nos anos 70. No entanto o guitolão só foi apresentado em 2005, num concerto em Marvão, e o primeiro disco foi editado apenas no final de 2008. Intitula-se apenas Guitolão e é da autoria do guitarrista António Eustáquio, que interpreta dez composições de sua autoria.

Para contar a história deste instrumento é preciso recuar 30 anos. "Certo dia, Carlos Paredes entrou na oficina de Gilberto Grácio, onde ia muitas vezes, e sugeriu a construção dum novo instrumento", refere Eustáquio. Paredes viria a experimentar um primeiro protótipo a que chamou citolão. "Ainda gravou com a cantora Cecília de Melo e o poeta Manuel Alegre", lembra. "Mas depois abandonou essa ideia por estar num período de grande produtividade com a guitarra portuguesa".

O projecto ficou depois parado. Nos anos 90, António Eustáquio conheceu Carlos Paredes e a sua companheira, Luísa Amaro. Foi em casa deles que descobriu o instrumento. "Ela mostrou-me esse protótipo, essa guitarra portuguesa barítono, e toquei um pouco. Depois, ela fez uma gravação para mostrar ao senhor Grácio, e quando me ouviu sentiu um estimulo para lhe pegar outra vez".

"Há perto de quatro anos ele ligou-me a perguntar que afinação é que eu achava que o guitolão [nome que Grácio deu à evolução final do citolão de Paredes] devia ter, como deviam ser as cordas e a rosácea, uma série de assuntos", recorda o guitarrista. Curiosamente, e ao contrário daquilo que muitas pessoas podem pensar, o guitolão não foi feito para tocar fado. E Eustáquio admite também que é "muito difícil de domar".

Até ao final do ano espera ainda gravar com Carlos Barretto, "um disco dos dois, só com guitolão e contrabaixo". Por estes dias chega às lojas um segundo álbum gravado com guitolão. "Gravei o Meditherranios, com a Luísa Amaro, voltando mais uma vez ao Carlos Paredes". |

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