Fransedes Suni, diretor de informação do GMN, disse à Lusa que o grupo respeita o trabalho do Conselho de Imprensa e do antigo chefe de redação Quito Belo, representante da Timor-Leste Press Union (TLPU) no organismo..Porém, e dadas as "faltas constantes, o pouco tempo dedicado ao trabalho crucial de chefe de redação", foi proposto a Belo outras funções dentro do grupo, mantendo o salário atual, algo que este recusou.."Nunca trabalhou oito horas completas, não participava em muitas das reuniões da redação e esta situação não podia continuar", explicou Suni, que disse que houve repetidas tentativas para resolver a situação internamente. .O caso acabou por 'saltar' para as redes sociais motivando muitas criticas e um curto comunicado da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que exigiu ao GMN que o jornalista fosse readmitido, considerando "escandaloso" o seu afastamento..Responsáveis da TLPU e outros jornalistas criticaram a decisão que consideram violar a lei e os regulamentos em vigor..A IFJ refere no comunicado que Belo foi demitido do cargo numa carta de 27 de setembro, assinada por Suni, que supostamente justificava a decisão com o facto de "ser o representante da Timor-Leste Press Union (TLPU) no Conselho de Imprensa".."O despedimento de um jornalista por simplesmente lutar pelos direitos dos colegas jornalistas é escandaloso. Nós exigimos que a GMN imediatamente o readmita no cargo", refere o comunicado da IFJ, um dos organismos que em 2014 se opôs à criação do próprio Conselho de Imprensa (como de outros elementos da lei da comunicação social)..A carta citada nesse comunicado, obtida pela Lusa, não demite Belo, como refere a FIJ, mas explica que o cargo do chefe de redação exige "atenção e foco de serviço" e reconhece a importância do Conselho de Imprensa e o impacto que fazer parte do organismo tem tido no trabalho no grupo de media..Por isso, oferece a Belo duas opções: sair do cargo de chefia de redação durante a duração do mandato no Conselho de Imprensa, mantendo, porém, o seu salário na GMN e passando a conduzir dois programas na televisão do grupo..Findo o mandato no Conselho de Imprensa Belo poderia regressar às suas funções plenas na GMN, refere a carta.."Se não aceitar esta opção oferecida pelo GMN, o GMN convida-o a falar sobre o fim do contrato", refere a carta, assinada também pelo chefe de Recursos Humanos, Nivio Freitas..A Lusa tentou por várias vezes contactar Quito Belo, sem sucesso, mas obteve uma cópia de uma carta datada de 28 de setembro que o jornalista remeteu ao GMN e ao Conselho de Imprensa em que esteve defende a sua ação no cargo, garantindo que sempre cumpriu os seus horários e obrigações..Belo explica que a sua participação no Conselho de Imprensa respeita a lei da comunicação social, recorda o seu direito à liberdade de associação e à liberdade sindical e acusa o GMN de violar várias provisões da lei do trabalho..Rejeita a oferta de moderador de programas, insistindo que o seu contrato refere o cargo de editor e que não quer correr o risco por eventuais falhanços por assumir cargos como os de conduzir um programa para os quais não tenha conhecimento..Belo considera o seu afastamento injusto, acusa o GMN de violar várias leis e exige uma compensação de 10 mil dólares..Pronunciando-se sobre o caso, numa carta datada de 01 de outubro, a que a Lusa teve acesso, o Conselho de Imprensa recorda que a lei de comunicação social determina que "o desempenho da função de membro do Conselho de Imprensa é cumulativo com o exercício da atividade profissional do mesmo". .Refere ainda que o decreto sobre o estatuto do Conselho de Imprensa determina que os seus membros "não podem ser prejudicados na estabilidade do seu emprego pelo exercício de funções no Conselho de Imprensa e têm direito a dispensa do exercício das suas funções profissionais para o exercício de funções de membro do Conselho de Imprensa, nomeadamente, para participação em reuniões"..Considera ainda que a postura da GMN viola a lei do trabalho e pede, por isso, ao grupo que anule a decisão..Belo, que estava no GMN há sete anos, está oficialmente sem receber salário desde 01 de outubro.