Dior e Eu

João Lopes e Inês Lourenço viram o documentário sobre o o processo criativo do estilista belga Raf Simons para a Casa Dior. Leia aqui as críticas a <em>Dior e Eu</em>, de Frédéric Tcheng
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JOÃO LOPES (2/5)

Filmando os bastidores da Casa Dior

Como é óbvio, não é obrigatório que o mundo da moda seja abordado através da ligeireza caricatural de O Diabo Veste Prada (2006), filme em que o génio interpretativo de Meryl Streep se destacava da banalidade de quase tudo o resto.

No caso de Dior e Eu, há que reconhecer que o realizador Frédéric Tcheng possui um trunfo fortíssimo. Assim, o seu filme documenta os bastidores dos meses iniciais de trabalho do estilista belga Raf Simons como director artístico da Casa Dior, desembocando na apresentação da sua primeira colecção (em julho de 2012).

Muito para lá das facilidades de spots mais ou menos breves e acelerados, somos confrontados com a dimensão específica do trabalho de concepção e execução das roupas, valorizando do mesmo modo o depoimento de um administrador ou de uma costureira mais ou menos anónima.

Ao mesmo tempo, mesmo na sua razoável coerência e consistência técnica, os resultados parecem pertencer mais ao domínio corrente da reportagem televisiva do que ao espaço específico do documentarismo cinematográfico.

Veja o trailer:

[youtube:sUIvJQUhB5I]

Título Original: Dior and I

Realizador: Frédéric Tcheng

Ano: 2014

INÊS LOURENÇO (3/5)

Feito por medida

Frédéric Tcheng já colaborara em dois assinaláveis projetos (Valentino: TheLast Emperor e Diana Vreeland: The Eye Has to Travel), que abriram caminho ao tema da moda. A realização deste Dior e Eu, não deixa, pois, dúvidas em relação à habilidade adquirida.

Filmar o processo criativo do estilista belga Raf Simons, na sua primeira coleção para a Maison Dior - da qual se tornou diretor artístico nessa altura (2012) -, requeria uma sensibilidade refinada, um olhar decidido a explorar "o outro lado da moda", o toque humano.

Mais descentrado do que o título possa sugerir, o impulso deste documentário reside na ideia do trabalho coletivo, na confiança firmada, sobretudo pela interação com costureiros (que não costumamos ver, a não ser em anonimato) num objetivo comum.

Depois, sim, há o tête-à-tête com o "fantasma" do fundador, Christian Dior. Simons é, subtilmente, intersetado pela sua carga mitológica, convocando as mesmas ansiedades que Dior revelou nas memórias escritas. Um resgate de imagens de arquivo e leituras em voz-off, que tornam a experiência, simultaneamente, mais vívida e espectral.

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