Diogo Piçarra: "O segredo da minha música é a verdade que coloco nela"

Depois de na semana passada ter enchido o Coliseu do Porto, o músico e cantor algarvio prepara-se para fazer o mesmo amanhã, no de Lisboa. Trata-se do "ponto mais alto" de uma carreira iniciada há já uma década, mas que apenas descolou em definitivo em 2015, com o disco de estreia, <em>Espelho</em>, reconhece nesta entrevista ao DN. Já neste ano, lançou o segundo álbum de originais,<em> DO=S</em>, que haveria de o transformar num dos maiores fenómenos de popularidade da pop nacional, como amanhã à noite se irá comprovar, uma vez mais, perante um Coliseu dos Recreios esgotado, para assistir a um concerto pensado especialmente para estas salas, onde contará com as presenças dos convidados especiais Ana Vitória, Jimmy P, Valas e April Ivy.
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Amanhã é a vez de atuar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, também ele há muito esgotado, tal como o Coliseu do Porto, onde esteve na semana passada. Que significado têm para si estes momentos? Esperava esta reação do público?

Foi uma enorme surpresa, porque foi a primeira vez que atuei nos coliseus e nunca esperei que esgotassem tão cedo. No Porto foi uma noite mágica, com muitas lágrimas e arrepios, tanto no palco como na plateia. As pessoas cantaram todas as canções do princípio ao fim e isso é fantástico para um músico, pois é sinal que estavam lá pela música, que a minha música significa algo para elas.

Foi um ano muito intenso, este 2017, que começou com um disco que o transformou numa das maiores estrelas da pop nacional e termina agora com estes dois concertos de consagração. Qual é a próxima meta?

Estes concertos são de facto uma ótima maneira de fechar em grande um ano fantástico, em que dei mais de 70 concertos, tanto em Portugal como no estrangeiro. E quando pensava que já tinha visto de tudo, tenho esta reação do público nos coliseus. Quanto ao futuro, não sei, porque sinto ainda há tanto para fazer, quero ir tocar a novos sítios e apresentar a minha música a outras pessoas. Gostava de voltar ao Brasil, por exemplo. Vou continuar a compor, porque sem música não há carreira. E depois logo se vê, daqui a dois anos talvez edite mais um álbum. Para já, o próximo objetivo é a participação no Festival da Canção. Fui convidado para compor um dos temas e ainda estou à procura de um interprete para a minha canção, que eventualmente até posso ser eu.

Qual é o segredo do sucesso? Que explicação tem para que as pessoas gostem tanto da sua música?

A única explicação que consigo encontrar é a verdade que sempre coloquei na minha música. As minhas canções são verdadeiras, têm sentimentos e as pessoas reconhecem-se nisso. Sei que não sou o melhor cantor do mundo e conheço as minhas limitações, mas sou muito honesto naquilo que faço e tenho de reconhecer que estou a viver um momento muito bom da minha carreira.

Este é o ponto mais alto da carreira?

Sem dúvida. Eu comecei a tocar e a cantar muito tarde e tive muita sorte, porque apareci num momento muito bom, em que a música pop portuguesa estava novamente em alta.

Quando e como é que se começou a interessar por música?

Foi durante a adolescência, quando descobri aquilo a que normalmente se chama de música alternativa. Percebi que havia todo um novo mundo por explorar na música e eu também queria fazer parte disso. O meu desejo inicial era tocar bateria, mas como morava num apartamento optei pela guitarra. Tive aulas durante um ano, com um vizinho, que era professor de música e mais ou menos passado um ano, quando já tinha as bases necessárias, comecei logo a compor.

Chegou a ter uma banda, certo?

Sim, os Fora da Bóia, com uns colegas de escola. Tocávamos uma grande salganhada de pop, rock, reggae e hip-hop.

Depois tentou também a sorte nos programas de talentos das televisões. Esteve por duas vezes no Ídolos, que chegou a vencer, em 2012, e uma outra na Operação Triunfo. Considera que ainda existe um estigma em relação a artistas que participam nesse tipo de programas, quase como se tivessem de provar que não são meros interpretes?

No meu caso fui a esses programas porque os meus pais me inscreveram (risos), porque o meu objetivo e desejo era fazer tudo sozinho. Mas ainda bem que o fizeram, porque se não fosse por eles, se calhar, neste momento, ainda continuava a tocar apenas no Youtube. Possivelmente até conseguiria chegar onde estou hoje, mas com certeza que demoraria muito mais tempo. É verdade que por vezes existe um certo preconceito, mas basta pensarmos em nomes como a Sara Tavares ou o João Pedro Pais, só para citar dois exemplos nacionais, para perceber que são inúmeros os exemplos de músicos que passaram por esses programas e conseguiram construir uma carreira.

O que se vê fazer num futuro mais distante?

Não sei, quero continuar ligado à música, isso sem dúvida. Comecei recentemente a minha carreira como produtor e é algo que estou a gostar muito, tal como a faceta de compositor. É um desafio enorme compor música para outros intérpretes, como recentemente fiz para o Marco Rodrigues, que é um fadista e tem um universo musical totalmente diferente do meu. Creio que é mais ou menos por aqui que vou estar daqui a alguns anos. É um pouco como os futebolistas, que quando deixam de jogar se tornam treinadores ou dirigentes. Eu quero ser produtor e compositor.

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