Dilúvio deixa Portugal à beira de ataque de nervos

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Inundações, estradas e vias-férreas cortadas, trânsito caótico, escolas encerradas, famílias desalojadas, árvores tombadas, desabamento de terras, pontes e muros caídos. Este foi o cenário vivido ontem em Portugal, que esteve sob a influência de uma depressão situada sobre o Atlântico. Chuva intensa e fortes rajadas de vento causaram estragos de norte a sul.

A ventania e a intensidade da chuva explicam o "fluxo anormal de chamadas telefónicas" para os bombeiros. O mau tempo justificou também a activação de planos municipais de emergência em localidades como Vila Real, Tomar, Torres Vedras e Santarém, onde o caudal dos rios ameaçou transbordar.

O Norte e o Centro do País foram as regiões mais afectadas pelo mau tempo, que deixou sem electricidade centenas de casas, condicionou a aterragem e descolagem de pequenas aeronaves, nomeadamente no arquipélago dos Açores e no Aeroporto Internacional de Lisboa. Na Madeira, as embarcações foram aconselhadas a regressar aos portos de abrigo, enquanto as barras marítimas da Figueira da Foz, Aveiro, Caminha e S. Martinho do Porto foram encerradas por precaução.

Lourinhã, Bombarral e Torres Vedras foram das zonas mais afectadas: carros debaixo de água, estradas cortadas, rotundas submersas, campos de cultivo e pomares completamente inundados e soterrados em lama.

Na região norte, a situação agudizou-se ao início da tarde. Durante cerca de duas horas, a chuva e o vento forte semearam o caos, sobretudo no litoral. Em Gaia, uma árvore voou sobre o IP1 e aterrou numa viatura que se encontrava em andamento. O condutor teve de ser desencarcerado. Por toda a cidade, as ruas ficaram cheias de objectos tombados pelo vento.

Quatro linhas do metro do Porto foram cortadas entre as estações da Trindade e Campanhã. A EN 108, entre o Porto e Entre-os-Rios, foi cortada pelo aluimento de um talude. Neste distrito, registaram-se 43 quedas de árvores e 42 inundações.

No distrito de Aveiro, várias famílias ficaram desalojadas porque os telhados das casas voaram. Em Espinho, também algumas habitações ficaram destelhadas. Em Lourosa, Santa Maria da Feira, uma pessoa ficou ferida ao ser atingida por uma árvore. Várias estradas locais ficaram interrompidas. Em Águeda, o caudal do rio subiu e ao final do dia preocupava ainda a Protecção Civil.

O Douro não parou de subir. Ao final da manhã estava a 200 metros cúbicos por segundo (m3/s) do primeiro patamar de risco. No final da tarde começava a galgar as margens na Régua.

Na região Centro, as dificuldades das comunicações foram apenas um pormenor. No IP3 (Coimbra/Viseu), na zona da barragem da Aguieira, um deslizamento de terras obrigou ao corte da via. Por causa de uma infiltração, que poderia danificar a instalação eléctrica da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu, o estabelecimento fechou. Ainda em Viseu ficaram destruídos algumas viaturas devido à queda de árvores. A situação que causaria maior pânico ocorreu nas bombas de gasolina da Serra de Montemuro (Castro Daire/Viseu), quando a ventania partiu os vidros das bombas e do restaurante contíguo à gasolineira.

A subida das águas na ribeira da Sertã (Castelo Branco) provocou a inundação da baixa da vila, onde três pessoas tiveram de ser evacuadas de um primeiro andar.Tomar preparava-se ontem ao fim do dia para evitar a entrada das águas do rio Nabão nos edifícios do centro histórico. À entrada, a estrada nacional que liga a Lisboa encontrava-se fechada ao trânsito.

Em Alcobaça, na área de S. Martinho do Porto, os taludes da ribeira de Alfeizerão rebentaram em seis sítios e a Vala Real também não aguentou a pressão das águas. *com Agência Lusa

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