Digitalização marca 118 anos do Correio do Ribatejo

A Câmara Municipal de Santarém assina hoje um protocolo com o Correio do Ribatejo que vai permitir a digitalização de todos os números do jornal desde a sua fundação, em 09 de Abril de 1889.
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Paulo Narciso, director do Correio do Ribatejo, disse à agência Lusa que, desde que assumiu a direcção do jornal, em 2001, tem manifestado a vontade de "salvaguardar o jornal do desgaste do papel e do tempo", mas só o actual executivo municipal respondeu no concreto, assumindo os custos do projecto.

Tendo em conta o enorme volume de jornais editados ao longo de 118 anos - com publicação semanal ininterrupta, apesar das crises, como a do papel em 1910 (que levou a que o jornal apenas editasse meia página) -, a digitalização está a decorrer de forma faseada, disse.

Até ao momento, foram digitalizadas 10.000 páginas (do período de 1889 a 1931).

Teresa Lopes Moreira, chefe de divisão de Património e Bibliotecas da Câmara Municipal de Santarém, realçou a importância da digitalização do "best seller" da biblioteca municipal, frisando o desgaste de um jornal que "não há dia que não seja solicitado".

"Há muitos leitores que procuram todo o tipo de informação, desde dados sobre edifícios, lojas, monumentos, personalidades, acontecimentos históricos", disse, realçando que além dos escritos do fundador João Arruda e do filho, Virgílio Arruda, o jornal tem contado com colaborações de historiadores como Joaquim Veríssimo Serrão e Vítor Serrão.

Por outro lado, a colecção da biblioteca, feita em grande parte a partir do espólio de Virgílio Arruda (com a curiosidade de conter inúmeras anotações), tem muitas falhas, só estando completa a partir dos anos 1940.

Com a digitalização da colecção do jornal, vai ser possível aceder a todos os números sem excepção, com a vantagem de poderem ser feitas impressões, adiantou.

A assinatura do protocolo com a autarquia liderada por Francisco Moita Flores sinaliza o ponto alto das comemorações dos 118 anos do jornal, que tem ainda patente, desde a passada quinta-feira, uma exposição no W Shopping.

Dezasseis painéis exibem fac-similes de primeiras páginas desde as origens do jornal, como o primeiro número do "Santareno", que o seu fundador, João Arruda, considerou um "ensaio" do que viria a ser, dois anos depois, o "Correio da Estremadura" e, a partir de 1945, o "Correio do Ribatejo".

Estão também expostas as primeiras páginas do virar de século (1900 e 2000), as que marcaram as "passagens de testemunho" na mudança dos directores - em 118 anos, o jornal vai apenas no seu quarto director - ou a meia página, impressa só de um lado, que se seguiu à implantação da República em 1910.

O aniversário do jornal tem sido assinalado com algumas mudanças, como a redução do formato e a introdução da cor, em 2005, e a entrada no ciberespaço, em 2008.

Segundo disse, o número do 118º aniversário saiu sexta-feira passada com 48 páginas, sendo compromisso passar a sair, a partir desta semana, com pelo menos 32 páginas (contra as habituais 24), 12 delas a cores, abrindo espaço a novas rubricas, essencialmente de entretenimento mas também de destaque às "memórias" guardadas no imenso espólio do jornal.

A página do jornal na Internet está também a ser repensada para se tornar "mais apetecível", permitir a introdução de mais informação e a disponibilização do material que está a ser digitalizado, afirmou.

MLL

Lusa

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