Dicas e soluções para poupar em tempos de crise
Com uma taxa de inflação que, em outubro, superou em Portugal a barreira dos 10% - ficou 0,2 p.p. acima, segundo dados divulgados pelo INE na passada sexta-feira -, algo que já não acontecia há 30 anos, fazer poupanças não será a tarefa mais fácil para as famílias portuguesas. Mas hoje, 31 de outubro, é o Dia Mundial da Poupança, pelo que falar deste tema é mesmo um imperativo. A pensar nisso, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) preparou uma quantidade de conteúdos dedicados àqueles que, apesar de todas as dificuldades, querem começar a pôr algum dinheiro de lado e não sabem exatamente como. Desde logo, com um guia de Perguntas & Respostas, como o que se reproduz abaixo, que vai encontrar mais desenvolvido no site dedicado da APB saberdecontas.pt.
"O Dia Mundial da Poupança foi criado em 1924, durante o primeiro congresso do World Society of Savings Banks em Milão, Itália", esclarece a APB em comunicado, explicando as origens desta efeméride. "No final deste congresso, a 31 de outubro, o professor Filippo Ravizza declarou este como o "Dia Internacional da Poupança"", continua o documento, acrescentando: "Nas resoluções do Congresso foi decidido que o Dia Mundial da Poupança "deveria ser um dia dedicado à promoção da poupança em todo o mundo"."
Portugal e a Zona Euro estão neste momento a viver uma das mais difíceis crises económicas das últimas décadas. O contexto do globo - recém-saído de dois anos e meio de pandemia e agora a sofrer os efeitos da guerra na Ucrânia - está a impulsionar a inflação para níveis memoráveis, o que, em resposta, já levou o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar, na passada quinta-feira, 75 pontos-base à taxa de juro de referência na UE, para conter a escalada dos preços, fixando-a em 1,25%.
Ora se é verdade que a inflação e a perda do poder de compra dos portugueses pode não convidar às poupanças, também é verdade que o aumento das taxas de juro diretoras pelo BCE tornam poupar mais atrativo. Portanto, se conseguir pôr algum dinheiro de parte, este poderá ser o momento ideal para começar a dedicar alguma atenção às taxas de juro aplicáveis pelos bancos aos depósitos, PPR e outros produtos financeiros de poupança.
E é aqui que os ensinamentos e conselhos da APB entram com grande utilidade. É que poupar não é só pôr dinheiro de lado: implica conceber um plano personalizado de poupança que permita enfrentar as diferentes etapas do futuro e os imprevistos que, por vezes, saltam ao caminho, diz a APB.
Assim, além das Perguntas & Respostas a que já se fez referência, no site Saber de Contas vai encontrar diversos artigos dedicados ao tema da poupança. E a APB pensou em tudo: quer nos jovens, a quem dispensa dicas e aconselha soluções para quem quer poupar para estudar, iniciar o seu plano e os produtos que há; quer dicas de gestão de poupanças e do orçamento familiar para os mais adultos. Tudo isto irá encontrar nas categorias "Começar a poupar" e "Poupar na idade adulta".
Mas há também a categoria "Poupar para a reforma", para quem quiser planear ou gerir o dinheiro na reforma, ou a "Saber Investir", para aqueles que querem, não só poupar, mas também rentabilizar o seu dinheiro.
Neste dia, a Associação Portuguesa de Bancos quer ajudá-lo a encontrar resposta para algumas dúvidas acerca de como iniciar um plano de poupanças.
1. Que tipo de poupança é a mais indicada?
Primeira regra a ter em consideração: se possível, manter o mínimo de dinheiro disponível à ordem. A partir daqui, tenha em conta que não deve colocar todo o seu capital disponível no mesmo produto. Se procura mais segurança, opte por contas-poupança, uma vez que têm capital garantido. Se está disposto a arriscar para ter mais rentabilidade, talvez um PPR seja uma boa opção. Lembre-se: quanto maior a rentabilidade, por norma, maior é o risco de perda.
2. Vale mais a pena uma conta-poupança ou um depósito a prazo?
As contas-poupança permitem construir gradualmente a sua poupança e reforçá-la regularmente ou de forma programada. São também mais flexíveis, não sendo necessário definir um prazo fixo para receber juros: por norma, são pagos trimestral ou semestralmente. Se necessário, é possível mexer no dinheiro, mas conhecendo as condições, para evitar a perda total de juros.
Já os depósitos a prazo obrigam à definição de um prazo de início e fim e só no final se recebem os juros. A poupança pode ser iniciada com montantes-base relativamente baixos, mas não permitem reforços. Apesar das taxas de juro, neste tipo de aplicações, poderem ser mais baixas do que noutros produtos financeiros, são investimentos seguros que, por norma, não implicam perdas do capital investido.
3. Um Plano de Poupança Reforma é uma boa opção?
Os Planos de Poupança Reforma (PPR), para além de lhe garantirem uma poupança, podem ser dedutíveis até 20% no IRS e, no momento do seu reembolso, beneficiam de taxas de imposto mais reduzidas que outros produtos financeiros. Os PPR podem ser reforçados todos os meses ou através de entregas programadas.
4. Quando devo começar a pensar na reforma?
Quanto mais cedo, melhor. De preferência, deve iniciar um PPR assim que começa a sua vida ativa. Deste modo, está a garantir um longo tempo de poupança e uma capitalização superior no rendimento do seu PPR.
5. Devo fazer um orçamento familiar?
A resposta a esta questão é claramente: sim. Este é o primeiro passo no caminho da poupança. Recorra a uma folha de cálculo para colocar todas as despesas correntes e previstas para cada mês do ano. Seja rigoroso, todos os gastos devem ser tidos em conta, até os mais reduzidos. Vá analisando as entradas e saídas de dinheiro e avalie, a todo o momento, a sua situação financeira. Ajuste o seu orçamento familiar e evite surpresas desagradáveis.
6. E como posso rentabilizar o dinheiro que ponho de parte?
Se não tem urgência em usar o dinheiro colocado de parte e quer rentabilizá-lo mais tempo, pode optar por aplicações de longo prazo. Nesse caso, opte por diversificar e distribuir o capital por várias soluções de poupança e, se estiver disposto a arriscar, considere soluções de investimento. Deve manter algum capital acessível para fazer face a imprevistos. Nestes casos, o ideal é investir num produto que lhe permita obter o dinheiro de forma rápida e sem penalizações, isto é, sem perda total de juros ou encargos de resgate.
7. Posso poupar mais num mês e gastar mais no mês seguinte?
Sim, é possível. No entanto, quanto menos disciplinado for, mais difícil de gerir se tornará o seu plano de poupança. A frequência da poupança é tão ou mais importante do que a quantia depositada na sua conta poupança.
8. E o que faço às dívidas que tenho?
Para conseguir poupar é importante eliminar primeiro todas as dívidas. Seja de forma imediata ou através de um plano de amortização, comece por liquidar as dívidas. É fundamental eliminar todos os juros que está a ter de suportar e que não lhe permitem poupar.
9. Qual deve ser o objetivo da minha poupança?
Ao responder a esta pergunta estará a ditar a duração dos seus investimentos. Poupar para ir de férias ou dar início à compra de um carro tendem a ser investimentos a curto prazo. Logo, não irá querer o seu dinheiro investido num PPR, com flutuações ou encargos e taxas de penalização.
Para investimentos de curto prazo é necessário poder aceder facilmente às suas poupanças. Nestes casos, o mais indicado será uma conta-poupança ou um depósito a prazo de curta duração.
Se o objetivo do seu investimento for de médio-longo prazo, por exemplo poupar para a reforma, a melhor opção será uma conta-poupança reforma (PPR) que lhe ofereça o máximo de garantias de vir a ter bom fundo de maneio, quando deixar de trabalhar.