Dia Nacional do Doente com AVC
Assinala-se hoje, 31 de março, o Dia Nacional do Doente com AVC, instituído pelo Despacho n.º 23910/2003, após proposta do Grupo de Estudos das Doenças Cerebrovasculares da SPN. Pretende-se, com esta iniciativa, sensibilizar a população para a importância da doença em Portugal e, ao mesmo tempo, promover a sua prevenção e a melhoria dos cuidados de assistência a estes doentes. Ao longo destes anos, diversas entidades e associações têm procurado fazer sua esta causa, desenvolvendo múltiplas atividades por todo o país, de modo a alertar para os fatores de risco e a apoiar medidas de combate à doença. Há que reconhecer que os avanços na prevenção, sobretudo a partir do alargamento dos cuidados primários de saúde, e a melhoria na intervenção na fase aguda com a criação das UAVC e da Via Verde do AVC, têm dados os seus frutos. Assim, o panorama dos indicadores da doença é hoje bem melhor, embora esta continue a ser a principal causa de morte e de incapacidade permanente em Portugal.
Uma das dificuldades encontradas no planeamento das medidas de intervenção resulta do facto de não ser conhecida a dimensão real da doença entre nós. Estima-se que, a cada hora que passa, três portugueses sofrem um AVC (mais de 25 000 por ano). Destes, só um ficará perfeitamente autónomo, um outro virá a falecer e o último ficará com sequelas importantes. Estima-se, também, que a prevalência de AVC no nosso país se situe entre os 100 000 e os 200 000 doentes. Compreende-se, assim, que os custos diretos e indiretos relacionados com a doença não sejam conhecidos em toda a sua extensão, mas sabe-se que são extremamente elevados. Acresce, a tudo isto, o enorme sofrimento individual e familiar que lhe estão associados.
Por todas estas razões torna-se necessário prosseguir o investimento de todos nós e, em particular, dos nossos representantes, no combate à doença cujo peso tende a aumentar nas próximas décadas em consequência do envelhecimento da população. Esta é uma preocupação comum a todos os países europeus, nos quais se prevê uma subida de 23% do número de pessoas com idade superior a 60 anos até 2030, o que levará ao aumento desta e de outras doenças ligadas ao envelhecimento.
Foi com o objetivo de diminuir esse risco que a European Stroke Organization e a Stroke Alliance for Europe-SAFE, organizações não governamentais de doentes com AVC (entre nós a Portugal-AVC), elaboraram um "Plano de Ação para o AVC na Europa", para o período 2018-2030. Esse Plano estabelece estratégias a seguir em cada um dos domínios de intervenção no AVC: prevenção primária, organização de cuidados na fase aguda e no pós-AVC, prevenção secundária, reabilitação, vida pós-AVC e avaliação dos resultados. E define quatro objetivos essenciais como meta a alcançar até 2030: reduzir em 10% o número de ocorrências; tratar, pelo menos, 90% dos doentes que sofrerem um AVC numa unidade diferenciada; definir um plano nacional que reúna toda a cadeia de cuidados, desde a prevenção até à vida pós-AVC; implementar estratégias nacionais de saúde pública para promover e facilitar um estilo de vida saudável e reduzir os fatores de risco.
O Governo português assinou o acordo que compromete 55 países europeus a promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas eficazes e integradas para a prevenção e tratamento do AVC, de modo a atingir aqueles objetivos. Este compromisso é um passo importante para melhorar a assistência aos doentes com AVC no nosso país, e deve ser assumido por todos nós. A Portugal-AVC lembrou-o em reunião recente da Comissão de Saúde da AR.
Presidente do Conselho Português para o Cérebro