Dia Mundial do Cérebro

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No dia 22 de julho é celebrado o Dia Mundial do Cérebro, por iniciativa da "World Federation of Neurology", no intuito de, a exemplo dos anos anteriores, chamar a atenção da sociedade em geral e da classe política sobre as grandes questões ligadas ao conhecimento e à saúde do Cérebro. O tema deste ano é "Brain Health for All" e reflete a preocupação de generalizar os cuidados de saúde a todos, sem exceção, tendo em conta que as desigualdades económicas, sociais e da educação são as causas principais das assimetrias existentes na área da saúde. Basta lembrar, a este propósito, que cerca de 70% das doenças cerebrais mais incapacitantes surgem nos países de baixo ou médio rendimento e que 55% dos hospitais não possuem medicamentos essenciais para o tratamento de muitas dessas doenças. É contra esta situação de enorme injustiça social que se bate, com outras associações e entidades, a WFN.

As campanhas a desenvolver nesta data terão como ponto de ancoragem cinco temas essenciais, com o objetivo de contribuir para a promoção da saúde do Cérebro à escala mundial. Em primeiro lugar, pretende-se fazer passar a mensagem de que um cérebro saudável é fundamental para o bem-estar mental, físico e social e, ao mesmo tempo, lembrar que muitas doenças que o atingem podem ser prevenidas. Depois, é necessário desenvolver esforços globais para a promoção da saúde do cérebro e sublinhar que a educação e o combate às desigualdades sociais e económicas é o fator chave para o sucesso destas medidas. Finalmente, deve ser garantido o acesso universal e equitativo aos recursos, às terapêuticas e à reabilitação.

Estas medidas são tão ou mais relevantes quanto se sabe que só 25% da população mundial tem acesso a neurologia: nos países de maior rendimento económico o número médio de neurologistas é de sete por 100 000 habitantes, enquanto nos países de baixo rendimento a relação é de um para um milhão de habitantes. A situação é ainda mais grave no que respeita à distribuição de neurocirurgiões - 0.3 por milhão de habitantes nos países de baixo rendimento.

Na Europa, as doenças cerebrais (neurológicas e psiquiátricas) representam cerca de um terço das afeções que envolvem os seus cidadãos, atingindo anualmente mais de 180 milhões de pessoas, com reflexos significativos na sua qualidade de vida e na elevada taxa de mortalidade - em 2016 foram responsáveis por cerca de 15 milhões de mortes. Os custos que lhes estão associados aproximam-se, na União Europeia, do bilião de euros anuais e as suas repercussões no mercado de trabalho traduzem-se em uma expressiva redução da produtividade.

O Conselho Português para o Cérebro (CPC) assume estas preocupações em estreita colaboração com o "European Brain Council" (EBC) que reúne os "National Brain Council" da maioria dos países da UE. Estes Conselhos têm desempenhado um papel fundamental na informação sobre as doenças do sistema nervoso, ao chamar a atenção para a necessidade primordial de investir na sua investigação, como forma de as prevenir e tratar, e assegurar, deste modo, uma melhor qualidade de vida à população. Medidas tão simples como a melhoria das condições de habitação, a educação, o exercício físico, a alimentação, o sono adequado, os cuidados gerais de saúde, entre outras, contribuem, de modo decisivo, para a redução da dimensão destas doenças na nossa sociedade.

Lembrar e celebrar o Dia do Cérebro é mais uma oportunidade para alertar e reunir esforços que contribuam para um melhor conhecimento do Cérebro, na saúde e na doença, concorrendo, deste modo, para o avanço da ciência e para o bem estar de todos.

Presidente do Conselho Português para o Cérebro (CPC)
www.cpcerebro.pt

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