"Escolhi com o coração." Di María volta "a casa" perante uma multidão em delírio
"Escolhi com coração." Foi esta uma das frases de Ángel Di María que mais aplausos arrancou aos cerca de 2000 adeptos que esta quinta-feira marcaram presença na praça Centenarium do Estádio da Luz para receber o internacional argentino. 13 anos depois, o avançado assinou contrato válido por uma temporada, com outra de opção.
Eram 19.04 - hora que simboliza o ano de fundação do clube (1904) - quando Di María surgiu na varanda do estádio, por cima da porta 18, acompanhado por Rui Costa. Foi como um golo... A rodear a estátua de Eusébio, a multidão entrou em delírio com cânticos dedicados ao avançado que está de volta depois de em 2010 ter sido transferido para o Real Madrid por 33 milhões de euros. O argentino estava visivelmente emocionado e não se cansava de acenar aos adeptos, batendo com a mão no peito, junto ao coração, naquilo que era um prenúncio daquilo que ia dizer: "Voltar a casa, porque esta é a minha casa, é algo único."
As palavras do campeão do mundo pela Argentina foram sendo interrompidas pelos cânticos e as palmas dos adeptos, manifestações que sensibilizaram o novo número 11 encarnado. "Muito obrigado por estarem aqui. Sei que não é normal fazerem este tipo de apresentações em Portugal, mas hoje estão aqui por mim. São sentimentos únicos e inigualáveis", começou por dizer no seu curto discurso, assumindo estar grato "ao presidente" Rui Costa por tê-lo feito regressar à Luz e "a todos" os que estavam ali a apoiá-lo. "Estou eternamente agradecido por terem vindo", sublinhou, agitando de novo aquele mar vermelho que, por momentos, se tinha acalmado para o ouvir.
De microfone em punho, Ángel Di María revelou depois que teve "propostas de muitos lugares", mas a opção acabou por ser pelo Benfica. E explicou porquê: "Tinha o sonho de voltar a casa, sentir-me feliz de novo. Escolhi com o coração." Os aplausos dos adeptos estenderam-se também ao presidente Rui Costa que, naquele momento, reapareceu na varanda, ao lado do novo reforço que esta sexta-feira vai começar a trabalhar às ordens do treinador alemão Roger Schmidt.
A euforia dos adeptos foi depois canalizada para os adeptos, que entoaram o cântico em que pediram a conquista do 39.º título da história do clube. Como se estivesse a ser entrevistado pelos benfiquistas que enchiam a praça Centenarium, Di María voltou a empunhar o microfone para deixar algumas promessas. "Vou trabalhar, vou lutar para conseguirmos títulos. Este ano, o Benfica ganhou o 38 e Deus queira que continuemos por este caminho e que consigamos conquistar o 39", rematou de forma certeira para os adeptos que, com a festa a aproximar-se do final, entoaram o hino do Benfica.
Depois, Ángel Di María acenou à multidão pela última vez e, ao lado de Rui Costa, regressou ao interior do estádio. Da próxima vez que voltar a estar na Luz perante os adeptos já deverá ser com a bola nos pés, no relvado onde se deu a conhecer ao futebol europeu ao ponto de se ter tornado um dos futebolistas mais famosos do mundo.
Hoje foi um dia bem diferente daquele que Di María viveu no verão de 2007, quando chegou a Lisboa, na companhia do compatriota Andrés Díaz - que nunca se afirmou na Luz -, praticamente como um desconhecido.
Curiosamente, nesse mesmo dia a estrela foi um tal de Fredy Adu, um avançado norte-americano que aos 18 anos já era muito mediático e que muitos até comparavam ao brasileiro Pelé, não tanto pelo talento, mas sobretudo pela máquina publicitária que tinha em seu redor. Só que a caminhada de ambos foi completamente diferente, pois Adu passou despercebido e nunca se confirmou como uma estrela mundial, ao contrário de Di María, que aproveitou a passagem pelo Benfica para se desenvolver como futebolista ao ponto de, três anos depois, ter dado o salto para o Real Madrid. Agora, está de volta para, aos 35 anos, completar a sua história de águia ao peito.