De acordo com a agência de notícias cabo-verdiana, Inforpress, a manifestação pacífica foi organizada pelo "Movimento Basta" e visou chamar a atenção do Governo para "certos acontecimentos"..\tNa sua maioria trajados com t-shirts negras, nas quais se lia a palavra "basta", os manifestantes empunharam cartazes e proferiram palavras de ordem, como "nu kre mais e melhor saúde" (queremos mais e melhor saúde) e "nu kre barco no porto" (queremos barco no porto)..\tO porta-voz do movimento, António de Pina, disse à imprensa que os bravenses saíram à rua porque há situações na ilha que não podem continuar..E deu exemplos que ilustram a "situação de saúde precária" que a Brava atravessa, como uma espera de vários dias para uma consulta na ilha, o elevado custo de um exame na ilha do Fogo, como um raio x, além da falta de um lugar para ficar após a realização do exame.."Mais grave, tiraram o barco do porto, com uma escala que ninguém está a entender", referiu António de Pina, citado pela Inforpress..Os participantes alegam ainda que estão "fartos e cansados de dizerem sim senhor a tudo" e que são cidadãos todos os dias e "não somente na altura das campanhas eleitorais"..\tPresente na manifestação, o presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, disse que concorda a cem por cento com as reivindicações dos populares..\tCitado pela Inforpress, o autarca alegou que "é inegável" que as condições de prestação de cuidados de saúde da ilha precisam de serem vistas e analisadas "com outros olhos" e que são necessárias medidas que "para que haja mais melhorias" e a população bravense possa receber os cuidados de saúde "em pé de igualdade com outros cabo-verdianos de outras ilhas"..\tFrancisco Tavares revelou que, enquanto presidente da câmara municipal, tem conhecimento de um conjunto "muito grande de solicitações de apoio social" à autarquia para custear as passagens de deslocações para a ilha do Fogo, para consultas de especialidades, o que demonstra que os técnicos de saúde na Brava não dispõem de "materiais suficientes para realizar condignamente e acudirem um maior número de casos aos utentes"..\tNo passado sábado, uma grávida e o filho morreram durante uma evacuação clínica e após demora no transporte para a ilha do Fogo, causada pelo mau tempo, em circunstâncias que o Ministério da Saúde mandou auditar..\tUm comunicado assinado pelo delegado de Saúde da ilha da Brava, Carlos Gomes Dias, refere que a paciente era uma jovem de 27 anos de idade, "sem antecedentes obstétricos e que não era considerada uma grávida de risco". .\tSegundo a nota, apesar do seguimento pré-natal ter sido feito na ilha do Sal, onde a jovem vivia, esta chegou à ilha da Brava nas últimas semanas, onde tem familiares, para ter o seu bebé, lê-se na nota..\tA parturiente teve uma complicação durante o parto, "com paragem de progressão fetal, o que implicava a realização de uma cesariana", pelo que teve de ser transportada para a ilha do Fogo..\t"Devido às péssimas condições climatéricas, foi difícil conseguir atracar no porto de S. Filipe. Após a terceira tentativa, o barco que a transportava conseguiu atracar", mas sem que a grávida e o bebé se salvassem.