Dezenas de políticos na missa de António Borges

Dezenas de personalidades da vida política portuguesa, entre os quais o primeiro-ministro e os ministros das Finanças, Economia e Negócios Estrangeiros, estiveram hoje presentes na missa que antecedeu o funeral do economista António Borges, que morreu domingo.
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"Era um homem com ideias muito fortes, com uma enorme coragem, sempre me impressionou muito a serenidade com que apresentava as suas ideias, porque demonstrava uma força interior e uma capacidade de intervir num país que é muito reacionário a ideias novas", afirmou o ministro da Economia, António Pires de Lima, em declarações aos jornalistas à entrada para a Basílica da Estrela.

Recordando o tempo em que António Borges foi seu professor na Universidade Católica no início da década de 80, Pires de Lima destacou a "frontalidade desconcertante" que caracterizava o economista falecido no domingo aos 63 anos, vítima de cancro.

"Num país que prefere as águas mornas dos consensos muitas vezes, umas vezes concordando, outras vezes nem tanto, apreciava o estilo, a comunicação e acima de tudo a profundidade e a coerência", disse.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, destacou igualmente a coerência de António Borges, sublinhando que se perdeu "uma pessoa muito importante, mas não se perdeu o seu exemplo".

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes lembrou ainda a "ação cívica e política" desenvolvida, considerando que "Portugal perde um dos seus melhores homens contemporâneos".

O antigo ministro das Finanças Miguel Beleza falou também da "integridade absoluta" do "excelente economista" que era António Borges.

"Eu diria que um dos melhores economistas de Portugal e se calhar do mundo", sublinhou, confessando que embora nem sempre partilhasse das suas opiniões, como a descida dos salários defendida por António Borges, "ele tinha na maior parte das vezes razão".

"Era um economista formidável e uma pessoa espetacular. Perdi um amigo, o país perdeu um grande economista", acrescentou.

O antigo líder do PSD Luís Marques Mendes lembrou igualmente António Borges como "um economista brilhante e académico de grande prestígio" e destacou o seu "caráter e coragem".

"Era uma pessoa polémica, controversa, mas eu apreciava muito nele, mesmo quando dele discordava, o facto de ser uma pessoa de convicções e que assumia convicções com muita frontalidade, com muita coragem, sem medo", referiu, considerando que Portugal precisa de pessoas que "tenham a coragem e a frontalidade de assumir convicções".

Marcelo Rebelo de Sousa, também antigo líder social-democrata, falou de António Borges como "um homem excecional" e um "grande professor em Portugal e lá fora", que se achava um "homem de missão".

"Quando abraçava uma causa era frontalíssimo na defesa das suas opiniões, isso chocava muita gente, não tinha meias opiniões", sublinhou.

Entre as personalidades presentes na missa realizada na Basílica da Estrela estavam o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho e a ministra das Finanças, Maria Luís Alburquerque, que se escusaram a prestar declarações à comunicação social.

O ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, e o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, foram outros dos membros do Governo presentes.

A antiga líder social-democrata e ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, os deputados sociais-democratas Miguel Frasquilho, Guilherme Silva e Teresa Leal Coelho, os antigos ministros Leonor Beleza, Bagão Félix, Roberto Carneiro e Luís Filipe Pereira e os empresários Belmiro de Azevedo e Alexandre Relvas foram outras das personalidades que se deslocaram à Basílica da Estrela.

António Borges, de 63 anos e que sofria de cancro no pâncreas, faleceu no domingo no hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

O economista liderava, a pedido do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma equipa para acompanhar junto da 'troika' os processos de privatização, as renegociações das parcerias público privadas, a restruturação do setor empresarial do Estado e da banca.

António Borges foi vice-governador do Banco de Portugal, entre 1990 e 1993, e desempenhou funções de consultor do Tesouro dos Estados Unidos e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos) e de diretor do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional.

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