"Venho denunciar que o meu pai abusou de mim desde os 15 anos e que por isso tivemos sete filhos em comum." A história apanhou de surpresa os polícias da esquadra de Mendoza, na Argentina, que se apressaram a deter o homem de 67 anos, identificado apenas com o apelido Lucero. A denúncia surgiu só ao fim de 20 anos de abusos, quando a mulher receou que o pai começasse também a violar uma das suas filhas-netas. .O homem, que não terá prestado declarações quando foi detido, deverá ser presente a tribunal amanhã. Entretanto, as autoridades já ordenaram a realização de testes de ADN para confirmar a história da vítima de 35 anos, que faz lembrar a da austríaca Elisabeth, presa e violada pelo seu pai, Josef Fritzl, durante 24 anos e mãe de sete dos seus filhos (um morreu poucos dias após nascer). Este não é contudo o primeiro "Fritzl argentino", tendo as autoridades condenado em Maio de 2008 Eleutério Soria por violar a filha durante dez anos. .Contudo, ao contrário do caso do "monstro de Amstetten", que chocou o mundo, o "monstro de Mendoza" não manteve a filha presa em nenhuma cave. Comprou o seu silêncio com ameaças de que faria mal aos filhos de ambos. Fritzl foi condenado a prisão perpétua pela morte do filho. Já Lucero, que está desempregado e não tinha cadastro, poderá ser condenado a 20 anos por "abuso sexual agravado". .Por enquanto, as autoridades estão a tentar perceber o que se passava na rua Patricias Mendocinas, em Mendoza. "Nessa casa tudo era confuso. Eles não tinham muito contacto com os vizinhos mas chamava a atenção a diferença de idade entre o homem e a mulher a quem as crianças chamavam 'mamã'. Ninguém sabia se ele era o pai ou o avô", contou aos media argentinos uma vizinha. Além do pai, da filha e dos sete filhos-netos, vivia na mesma casa a companheira do homem, que não seria a mãe da vítima e trabalharia no tribunal local. .Os filhos-netos têm idades entre os dois e os 19 anos, desconhecendo-se a idade da adolescente que Lucero terá ameaçado violar também. Segundo os vizinhos, o filho mais novo "tem problemas de aprendizagem" e, a certa altura, todos mudaram de escola "depois de uma das meninas ter denunciado à professora o que acontecia em casa". Desconhece-se o que aconteceu à mãe da vítima..