Guarda Costeira dos EUA desconhece origem dos sons subaquáticos detetados
A Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que um avião canadiano detetou sons subaquáticos durante as operações de busca do submersível que desapareceu quando transportava cinco pessoas até junto aos destroços do Titanic.
Na sequência dos sons detetados por um avião militar canadiano P-3, os esforços de busca foram reorientados, mas, até ao momento, não foram registados resultados positivos.
A liderar as operações de busca pelo Titan, o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos EUA, reconheceu esta quarta-feira que não se sabe qual é a origem dos sons subaquáticos detetados.
"Não sabemos a origem" dos sons, disse o contra-almirante, referindo, no entanto, que são agora um "alvo" e um "foco" da operação de busca que caracterizou de "incrivelmente complexa".
O responsável da Guarda Costeira dos EUA explicou que há muitos objetos de metal no local e que, por isso, é importante envolver os especialistas da marinha para que se possa entender o que estará na origem dos sons detetados.
Em declarações à CBS News, John Mauger afirmou que vão continuar a trabalhar e a usar todos os recursos para tentar encontrar o submersível Titan "enquanto houver uma oportunidade de sobrevivência", indicando que a Guarda Costeira dos EUA vai recorrer, nas próximas 24 horas, a mais embarcações e a aeronaves para reforçar as operações de busca no local.
Aliás, através de uma mensagem no Twitter, a Guarda Costeira fez saber, entretanto, que três embarcações chegaram ao local onde decorrem as buscas.
O navio John Cabot é um dos reforços e tem capacidades de fazer um "scanning sonar lateral".
Ouvido pela BBC, um especialista em busca e resgate de submarinos na Austrália defende que os sons subaquáticos podem sugerir que o submersível Titan está próximo ou mesmo à superfície.
"Abaixo de cerca de 180 metros, a temperatura da água cai muito rapidamente", explicou Frank Owen. "Isso cria uma camada que o [sinal do sonar] rebate", disse o especialista, que mostrou-se mais confiante com a notícia de que foram detetados sons subaquáticos durante as operações de busca.
E uma das razões para estar confiante prende-se com o facto de estar "a bordo desta embarcação um mergulhador aposentado da marinha francesa". "Ele deverá conhecer o protocolo para tentar alertar as forças das operações de busca", afirmou, referindo-se a Paul-Henri Nargeolet, de 77 anos.
Este explorador francês é um antigo oficial da Marinha e é conhecido como o "Senhor Titanic". Nargeolet liderou dezenas de mergulhos aos destroços do navio de passageiros que afundou após colidir com um iceberg, em 1912, tendo supervisionado a recuperação de muitos dos seus artefactos ao longo dos anos.
Além do antigo oficial da Marinha francesa, estão no Titan o empresário e explorador britânico Hamish Harding, de 58 anos; o empresário paquistanês Shahzada Dawood, de 48 anos, e o filho Suleman Dawood, de 19, e Stockton Rush, de 61 anos, o CEO da OceanGate Expeditions, responsável pela viagem.
Os socorristas têm corrido contra o relógio porque, mesmo nas melhores circunstâncias, o Titan pode ficar sem oxigénio na quinta-feira de manhã.
Para além de um conjunto internacional de navios e aviões, um robô subaquático começou a fazer buscas nas imediações do Titanic e há um esforço para enviar equipamento de salvamento para o local, no caso de o submarino ser encontrado.
Três aviões de transporte C-17 das forças armadas norte-americanas foram utilizados para transportar submersíveis comerciais e equipamento de apoio. As forças armadas canadianas disponibilizaram um avião de patrulha e dois navios, tendo ainda lançado boias de sonar para detetar quaisquer sons do Titan.
O submersível tinha uma reserva de oxigénio de quatro dias quando se fez ao mar, na manhã de domingo, segundo David Concannon, conselheiro da OceanGate Expeditions, que supervisionou a missão.
O jornalista da cadeia televisiva norte-americana CBS News David Pogue, que viajou até ao Titanic a bordo do Titan no ano passado, disse que o veículo usa dois sistemas de comunicação: mensagens de texto trocadas com um navio de superfície; e 'pings' de segurança que são emitidos a cada 15 minutos para indicar que o submersível ainda está a funcionar.
Ambos os sistemas pararam cerca de uma hora e 45 minutos depois de o Titan ter submergido, no domingo, indicou a empresa OceanGate Expeditions, proprietária da embarcação e organizadora das viagens aos destroços do Titanic.
"Isto significa uma de duas coisas: ou eles perderam toda a energia ou o submersível abriu uma brecha no casco e implodiu instantaneamente. Ambas são devastadoras", disse Pogue.
Na terça-feira, a França anunciou que o instituto Ifremer de ciências oceânicas enviou um navio, o Atalante, equipado com um robô subaquático, o Victor 6.000, para procurar o submersível.
O Victor 6.000 deve chegar ao seu destino hoje e mergulhar até uma profundidade de cerca de 4.000 metros para realizar operações de busca.
Os restos do Titanic - que afundou após colidir com um iceberg, em 1912 - estão a uma profundidade de cerca de 3.800 metros e a uma distância de aproximadamente 640 quilómetros a sul da ilha canadiana de Newfoundland.
A comunicação perdeu-se quando a embarcação estava a cerca de 700 quilómetros a sul de São João da Terra Nova, segundo o Centro de Coordenação de Salvamento Conjunto do Canadá, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.
Notícia atualizada às 12:52