DETALHES DE TRÊS MESES DE JULGAMENTO
Alguns factos marcantes de três meses de audiências:
13 SETEMBRO - Começa o julgamento com os alegados coautores do homicídio a anunciarem a sua opção pelo silêncio. Face à oposição das defesas, fica por ler em audiência um testemunho tido como fulcral: o depoimento prestado perante a PJ pelo segurança Alberto Ferreira ('Berto Maluco'), que conversava com Palha, no momento em que o empresário foi atingido a tiro. A declaração tornou-se irrecuperável de outra forma porque 'Berto Maluco' escapou dessa vez à morte, mas veio a ser abatido junto à sua residência, em Gaia, em Dezembro seguinte.
23 SETEMBRO - O Ministério Público pede certidão das declarações de Cláudio Pereira, uma testemunha-chave do homicídio, para lhe ser instaurado um processo crime por recusa de colaboração com a Justiça. "s perguntas da procuradora, Cláudio Pereira respondeu com a expressão "não me lembro" e, em algumas circunstâncias, invocou o artigo 132.º do Código do Processo Penal ("a testemunha não é obrigada a responder a perguntas quando alegar que das respostas resulta a sua responsabilização penal"). Gora-se assim a expectativa de que pudesse confirmar a sua alegada participação numa reunião preparatória do ataque.
29 SETEMBRO - O tribunal decide que dois dos seis suspeitos do homicídio de Aurélio Palha (Miguel 'Palavrinhas' e Augusto Soares) deixam de estar em prisão preventiva.
30 SETEMBRO - 'Pidá' é referido pela primeira vez em audiência, ainda que num testemunho indirecto e algo impreciso, como o autor do homicídio de Palha. Citando o marido, a única pessoa que viu o homicídio e que mais tarde também foi abatido a tiro, Andrea Machado declara ao tribunal: "Acho que ele me disse que foi o 'Pidá' quem disparou".
07 OUTUBRO - Os seguranças Benjamim, Natalino e Hélder Correia alegam nada saber sobre o caso, ainda que entre os arguidos estejam pessoas condenadas pela morte de outro irmão Correia, Ilídio. Fica assim por esclarecer a tese de que Palha foi morto arrepio dos planos inicialmente gizados, que apontariam precisamente os irmãos Correia como alvos eleitos.
14 OUTUBRO - É revelado em tribunal que o empresário tinha num bolso, quando foi abatido a tiro, um manuscrito com uma espécie de "estratégia de defesa" jurídica dos suspeitos do homicídio do segurança Nuno Gaiato, a primeira vítima da espiral violenta de 2007 no Porto.
18 OUTUBRO - Sabe-se, à margem do julgamento, que o arguido Bruno 'Pidá', tem pendente novo processo, este por segurança ilegal.
15 OUTUBRO - O inspector-chefe da PJ Manuel Rodrigues identifica em tribunal Fernando 'Beckham' como uma "fonte anónima" que lhe permitiu elaborar um relatório, constante do processo, com os detalhes sobre o homicídio de Palha. 'Beckham' é amigo de 'Pidá' e, tal como ele, também foi condenado pela morte de Ilídio Correia.
22 NOVEMBRO -- 'Beckham' garante que nunca denunciou Bruno 'Pidá', acusando a PJ de "não olhar a meios para atingir os fins". Nas alegações finais, os advogados de defesa pedem a absolvição dos seus clientes, depois de o MP ter defendido a condenação de dois deles, Bruno 'Pidá e Mauro Santos.