Desporto português com três casos de EPO em 2010

Substância detectada no ciclismo e no atletismo num ano em que a ADoP apostou nos testes sanguíneos e no passaporte biológico
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O desporto português teve em 2010 três casos de doping com eritropoietina (EPO), dois no ciclismo e um no atletismo. Neste ano, o controlo está a ser reforçado, pois o laboratório português tem agora equipamento para detectar esta substância e deixou de ter de enviar amostras para Espanha.

Segundo a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), em 2010 foram sujeitas a despiste de EPO 84 amostras (do total 3357 amostras de urina colhidas em Portugal), quase todas obtidas fora de competição: 45 no ciclismo (14 em competição), 21 no futebol, 18 no atletismo, três na canoagem e uma na judo e no triatlo. Foram três os casos positivos detectados, disse ao DN o presidente da ADoP, Luís Horta, sem revelar nomes. Mas há pelo menos um caso conhecido: o do português Eduardo Mbengani, da Conforlimpa, que nega ter tomado algo "conscientemente" com intenção de se dopar.

A EPO sintética, que estimula o transporte de oxigénio no sangue, está classificada como hormona peptídica, grupo de substâncias cuja percentagem de positivos cresceu no último ano. "Isso deveu-se ao aumento dos controlos fora de competição e dos testes inteligentes", explicou Luís Horta.

Nesta percentagem não se incluem a hormona de crescimento, que aumenta a massa muscular, nem a CERA, com efeitos similares à EPO mas mais potente: todas as 260 amostras despistadas foram negativas. Estas duas hormonas são detectadas por análises sanguíneas, uma das apostas recentes da ADoP, que no ano passado recolheu 550 amostras de sangue, boa parte relativa ao passaporte biológico: Portugal consta no pequeno grupo de países e federações desportivas que adoptou este projecto, capaz de detectar provas indirectas de doping sem necessidade de encontrar o dopante em amostras.

Só para o passaporte biológico o laboratório analisou no ano passado 321 amostras, metade para as federações internacionais de atletismo e ciclismo. Mas o projecto luso está emperrado. A ADoP começou em Janeiro de 2010 a recolher amostras no ciclismo, atletismo, triatlo e canoagem, mas ainda espera pela autorização para criar a base de dados com os perfis hematológicos dos atletas. A Comissão Nacional de Protecção de Dados justificou este atraso com um "excesso de pedidos e com a complexidade da decisão".

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