Despedida dos Eagles em Lisboa

É a banda de um grande êxito, o disco 'Hotel California', mas não foi só esse o grande momento do grupo norte-americano. O seu 'Their Greatest  Hits 1971-1975' é um dos dois álbuns mais vendidos e o único que alterna  com o 'Thriller' de Michael Jackson no 'top' mundial. O grupo está hoje em Lisboa, no Pavilhão Atlântico, para interpretar o novo disco e dar fim à digressão
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No tempo em que os Eagles apareceram ainda a MTV era uma miragem no mundo da promoção da música para além da própria canção e, portanto, só os fãs é que conhecem bem, fisicamente, os músicos que compõem esta superbanda. Mas isso não impediu que seja uma das bandas mais rentáveis da história do rock - com bastantes influências country e folk à mistura - que sobrevive desde o início da década de 70.

Da formação inicial, composta por Don Henley, Glenn Frey, Randy Meisner e Don Felder, já só restam os dois primeiros elementos. Mas as frequentes alterações na banda não impedem que a máquina Eagles continue a funcionar ao fim de quase 40 anos de vida e que some mais de 90 milhões de discos vendidos em todo o mundo. A sua longevidade nota-se bem no aspecto físico da banda, que esta noite marca presença em Lisboa depois de já ter passado por palcos de quase todo o mundo, na digressão de apresentação do seu último disco, intitulado Long Road Out of Eden.

Ontem actuaram em Madrid, mas faz hoje um ano estavam em Montreal, no Canadá, a interpretar os novos temas e os velhos sucessos de uma carreira que vai passando despercebida na imprensa - mesmo a especializada - quando comparada com a de outros dinossáurios do rock como os Rolling Stones. Bandas que pouco têm a ver uma com a outra, pois na britânica as divergências entre membros não provocam a expulsão e substituição. Como foi o caso de Don Felder, o mentor do tema mais bem-sucedido dos Eagles, o mítico Hotel California, onde um incipiente videoclip exibia em 1976 uma frente de cinco guitarristas a tocar esta pérola acústica que tiveram de seguir os seus próprios caminhos. Aliás, Felder, de tão magoado, só se sentiu redimido após a publicação do seu livro autobiográfico Heaven & Hell - My Life in The Eagles (1974-2000), em que relata muito do que se passou no interior da banda até a deixar no início deste milénio. Segundo este guitarrista, o método de trabalho do grupo era do género relógio suíço, um projecto musical onde tudo era planeado e executado ao milímetro segundo a receita inicial e onde os fundadores da banda não permitiam que o guitarrista se colocasse no palco fora do sítio predefinido ou que alterasse um acorde sequer do famoso solo da canção que compôs e que deu nome ao álbum Hotel California. Método parece ser o motor dos Eagles e a chave da sobrevivência da banda até aos dias de hoje, com direito a oito álbuns de originais e cinco ao vivo. Uma disciplina que, conta Felner, se podia explicar através das palavras negativis- mo, crítica e controlo: "Ganância, poder e controlo podem corromper toda agente, seja políticos ou músicos. E essa atitude destrói a criatividade." Mas, salvaguarda, os Eagles são um santuário de criatividade: "Todos podem cantar, tocar e compor porque existe uma grande diversidade de estilos." E, considera, é um grupo que cumpre o grande sonho americano de qualquer um se tornar estrela.

Nos Eagles que estarão hoje em Lisboa alinham Glenn Frey, Don Henley, Joe Walsh e Timothy B. Schmit. Dificilmente os grandes sucessos serão esquecidos, temas como Hotel California, Take It Easy ou Best of My Love, mas espera-se que não se esqueçam de New Kid in Town ou Witchy Woman, entre outros.

Do novo álbum saíram dois singles bem-sucedidos, as faixas How Long e Busy Being Fabulous, um disco só com originais - o primeiro desde 1979 - e que foi editado no final de Outubro de 2007. Apesar de ser o regresso dos Eagles, a banda optou por uma grande discrição nos Estados Unidos e, inicialmente, o disco só podia ser adquirido via Internet ou nas cadeias de lojas Wal-Mart e Sam's Club. Mesmo assim, atingiu o primeiro lugar na tabela da Bilboard durante um breve espaço de tempo e deu origem à digressão que agora passa pela capital portuguesa. O Long Road Out of Eden já leva sete discos de platina, mas, segundo a profecia de um dos fundadores do grupo, Don Henley, "este é provavelmente o último disco que os Eagles farão". E o espectáculo de Lisboa, o último de um longo passeio mundial que começou a 7 de Novembro de 2007.

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