Desenho baixo, pintura alta, estreia-se hoje em Cascais

Exposição de Joana Rebelo de Andrade no Centro Cultural de Cascais está integrada na programação do Bairro dos Museus.
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"Múltiplos ângulos, diferentes prismas para cada forma, de modo a que cada um descubra, em cada ângulo, composições novas." A descrição é de Joana Rebelo de Andrade, artista de 38 anos que estudou arquitetura, desenho gráfico, pintura e tipografia, entre Portugal, França, Reino Unido e Estados Unidos e que leva agora o seu trabalho conceptual, cheio de cor, assinalado pela geometria e abstração com formas quase arquitetónicas a exposição.

Desenho Baixo, Pintura Alta é o nome da exibição que se estreia neste sábado no Centro cultural de Cascais, onde ficará até 26 de setembro. "Esta exposição é constituída por uma série de pinturas sobre papel produzidos recentemente. Decidi explorar as diferentes volumetrias potenciadas pela materialidade do papel onde o desenho se revela na superfície plana - o baixo - conjugado com formas tridimensionais que emergem do suporte, em expressivo cromatismo. Em suma, transformar o desenho numa pintura alta através do relevo que criei, numa dialética que pretende desafiar o observador. É uma proposta, uma espécie de jogo, de contraponto, entre opostos - o baixo e o alto - que sugere o título que dei à exposição", explica.

O objetivo que assume é o de partilhar o seu processo criativo à medida em que a obra se vai revelando, com a obra a mostrar diferentes sequências "que se entrelaçam e pretendem surpreender", antes de sentir o apelo das seguintes. "Nos trabalhos que apresento no Centro Cultural de Cascais, fui modelando o papel e as obras foram surgindo, com cada forma a despertar a subsequente. Nasceram umas das outras, num processo contínuo, como se fossem uma cadeia, ou uma família. Cada ação, cada gesto, cada movimento conduz, intuitivamente, a algo mais, a qualquer coisa que possa ser surpreendente."

Nascida em Lisboa, em 1983, Joana Rebelo de Andrade tem participado em exposições coletivas e individuais e o seu trabalho encontra-se representado em coleções particulares em Portugal, Itália, Alemanha e EUA. Nas palavras do escritor e filósofo Valério Romão, "É uma pintura que procura desfazer o espartilho resultante das múltiplas convenções e sistemas pelos quais integramos a experiência de viver em sociedade. É uma recusa da convencionalidade e a imposição de um programa de questionamento radical: tudo pode e deve ser inquirido quanto à sua lógica e função, tudo deve ser reconduzido ao estatuto de problema a resolver, conferindo assim ao ato criador uma dimensão epistemológica. Nesse sentido, o trabalho estético da Joana obedece ao traçado gouldiano: há que sair da ilhota para que esta possa crescer. É um trabalho que a todos os níveis torna o mundo mais habitável."

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