Descoberta rede de termiteiras do tamanho do Reino Unido
Os investigadores já lhe chamam o "maior exemplo conhecido de engenharia de ecossistemas por uma única espécie de inseto"; são mais de 200 milhões de montes de terra produzidos pela ação das térmitas (syntermes dirus), distribuídos por uma área de 230 km2, e cujas origens, nos casos dos exemplares mais antigos, datam de há 3820 anos.
O achado, no Nordeste do Brasil, é descrito num artigo científico publicado no site Cell.com. Esta rede manteve-se intocada ao longo dos séculos por se encontrar numa terreno relativamente árido, conhecido por catinga, que se caracteriza pela presença de muitas pedras soltas, barro e elevada acidez, o que o torna pouco indicado para a agricultura.
Para as térmitas, no entanto, a região revelou-se o habitat perfeito. De acordo com os cálculos realizados pelos investigadores, apesar da grande extensão abarcada pelas termiteiras, a distância entre montes - cada um deles com mais de 2,5 metros de altura e nove metros de diâmetro, é de aproximadamente 20 metros, o que se traduz em 1800 por km2 e na estimativa total de 200 milhões de montes.
Cada um dos montes é considerado uma proeza de "engenharia" capaz de fazer parecer diminutas algumas das grandes obras arquitetónicas da humanidade: "Cada monte é composto por aproximadamente 50 metros cúbicos de solo, que implicaram a escavação de mais de 10 km3 de terra, equivalentes s aproximadamente 4000 grandes pirâmides de Gizé [no Egito], o que faz deste o maior exemplo de engenharia de ecossistemas por uma única espécie de inseto", revelam os autores do estudo.
Ao contrário de alguma crença popular, os montes que conhecemos por termiteiras - no Nordeste brasileiro são chamados de murundús - não são colónias e sim o subproduto das enormes redes de túneis escavadas por estes diminutos insetos no subsolo.