Descoberta de Arca de Noé contestada
A comunidade científica turca está a encarar com cepticismo o anúncio feito no início desta semana por um grupo de exploradores chineses e turcos evangélicos de que teriam identificado, no topo do monte Ararat, na Turquia, os restos da Arca de Noé.
A equipa afirmou ter encontrado uma estrutura de madeira com 4800 anos (medidos pelo método do carbono 14) a quatro mil metros de altitude, naquele que é o ponto mais alto da região.
O anúncio foi naturalmente recebido com grande efusão na zona e os locais acalentam a esperança de que aquele sítio possa ser classificado como Património Mundial da UNESCO, de forma a atrair mais turistas para uma região que é muito pobre.
No entanto, a comunidade científica turca está a contestar a ideia de uma tal descoberta. "Para ter um barco a essa altitude, o mundo teria de ter estado coberto de água e nunca houve nenhuma época em que o mundo estivesse coberto de água até a uma altitude de quatro mil metros", afirmou a propósito o professor de arqueologia Orhan Bingol, citado pelo diário El Mundo.
O especialista em pré-história da Universidade de Istambul Necmi Karul tem a mesma opinião e sublinha que "o monte Ararat não esteve coberto de água há 4800 anos", adiantando que este anúncio da descoberta da Arca de Noé "tem por base interesses turísticos".
Quanto à estrutura de madeira alegadamente descoberta, o mesmo especialista nota que ela nunca poderia ter sido preservada ali durante 4800 anos, uma vez que não existem as condições necessárias para isso naquele local. Ou seja, não existe a ausência de oxigénio que seria imprescindível à conservação de restos de madeira com essa idade.
As conchas fossilizadas existentes naquele local têm, além disso, milhões de anos de idade.