Desafio da educação: 'mannequin challenge'

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O ano 2016 foi o princípio do fim do sistema educativo tal como conhecemos; 2017 será apenas a continuação dessa destruição. Em 2016 rasgou-se o mapa que nos guiou durante anos; em 2017 continuaremos a ser conduzidos sem luzes. Este foi o ano do fim daquilo que sempre incomodou a esquerda radical: a avaliação. Fim da avaliação dos professores, das escolas e dos alunos. Fim de uma estratégia que estava a ser seguida desde há quinze anos e que, a ver pelas médias dos nossos alunos no TIMMS e no PISA, produzia resultados positivos. Seja por razões ou cedências ideológicas seja por motivos corporativos, a verdade é que 2016 foi o ano em que se virou as costas a evidências, desprezaram-se factos e voltámos à casa de partida. Até este ano Portugal ambicionou e trabalhou para ter um sistema em que as palavras-chave para o definir fossem autonomia, diversidade e exigência. A construção de uma escola que fizesse a diferença na vida de cada um dos seus alunos promovendo de facto a igualdade de oportunidades. Da esquerda à direita, o debate centrava-se na forma de o conseguir e não na contestação dos seus alicerces que eram consensuais. A existência de instrumentos para aferir se a estratégia que se traçou estava correta era uma evidência para todos os governos até este. Mas esse consenso acabou neste ano e o primeiro pontapé foi o fim dos exames nos finais dos 1.º e 2.º ciclos que começaram por ser de aferição. O objetivo destas provas era um só: avaliar o sistema para o poder melhorar. A alteração, no entanto, foi radical acabando-se pura e simplesmente com estas avaliações externas. Com a avaliação dos professores passou-se o mesmo. A discussão não era existência ou não de avaliação, era, sim, a forma de avaliação. Mas acabou. Não se avalia e ponto. E é este navegar à vista, sem rumo, o estado na nação na Educação. É assim que entramos em 2017: às cegas, sem saber o que nos espera e, o mais importante, sem saber se os nossos alunos estão a ser bem ou mal preparados ou se os professores têm a formação adequada. Sobre o futuro, a única certeza é que continuaremos a navegar à vista e que tudo o que se fizer de novo será impossível avaliar como certo ou errado.

A grande esperança para a Educação em 2017 é o governo esquecer que ela existe e não ter qualquer iniciativa. Nada. O grande desafio seria Mário Nogueira e Tiago Brandão Rodrigues combinarem um mannequin challenge que durasse pelo menos um ano. Que combinassem congelar. Seria a melhor coisa que podia acontecer aos alunos ou às escolas e seria de longe a melhor medida da geringonça.

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