Derrota no aeroporto de Mossul é mais um prego no caixão do ISIS
Um passo significativo foi dado ontem para a reconquista da segunda cidade mais importante do Iraque, Mossul, no Norte do país, nas mãos do Estado Islâmico (EI) desde o verão de 2014, com as forças de segurança de Bagdad a assegurarem o controlo do aeroporto após mais de quatro horas de combates.
A parte oriental da cidade já foi reconquistada numa operação finda em janeiro, faltando agora a zona ocidental e o centro histórico de Mossul. Na cidade estarão cerca de 700 mil a 800 mil pessoas, que as Nações Unidas temem sejam usadas como escudos humanos pelos islamitas do EI, também conhecido pela sigla ISIS (designação em inglês para o anterior nome do grupo, Estado Islâmico do Iraque e do Levante). Destas, cerca de 400 mil poderão ser forçadas a deixarem as suas residências. Ainda segundo a ONU, mais de metade das vítimas resultante dos combates em janeiro eram civis. Mais de 160 mil habitantes de Mossul deixaram a cidade desde o início da ofensiva das forças de segurança do Iraque, em outubro de 2016.
Nesta operação estão envolvidos cerca de cem mil efetivos das diferentes forças de segurança e exército iraquiano, além de milícias xiitas e das tribos sunitas leais ao governo de Bagdad.
A captura do aeroporto, ainda que a pista esteja inutilizada mas suscetível de reparação, é um passo que irá facilitar, a prazo, o abastecimento logístico das forças envolvidas nos combates. Assinala, por outro lado e ainda que as operações militares estejam a demorar bastante mais do que inicialmente previsto, a derrota inevitável do grupo islamita naquele que é o seu último reduto territorial em solo iraquiano. Desenvolvimento que surge em simultâneo com outros tantos revezes na vizinha Síria. Aqui, as forças do EI sofreram um revés em Al-Bab, tendo perdido o controlo da cidade, que se situa numa localização estratégica importante para garantir a segurança da chamada capital dos islamitas, Raqqa. Sobre esta convergem atualmente unidades do principal movimento armado da oposição ao regime de Bashar al-Assad, as Forças Democráticas da Síria (SDF, na sigla em inglês), que estão prestes a isolar a cidade.
Noutras localidades sob seu controlo ou onde está presente, o grupo islamita parece ter perdido toda a iniciativa no terreno. A importância da reconquista de Mossul encerra ainda um elemento simbólico. Foi aqui, na Grande Mesquita da cidade, que o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, em julho de 2014, se apresentou pela primeira vez como "califa" e exortou os muçulmanos a unirem-se ao projeto que dirige ainda.
Os elementos do ISIS procuraram travar o avanço das forças iraquianas, recorrendo a uma série de ataques com bombistas suicidas, drones com explosivos e granadas, além de terem ripostado com barragens de morteiros à medida que iam perdendo posições. Uma reportagem da Reuters assinalava a presença dos corpos carbonizados de dois islamitas e da motorizada em que seguiam ao tentarem atacar as forças iraquianas. Aparentemente, teriam sido neutralizados por meios aéreos da coligação internacional que opera no Iraque e Síria.
Um oficial iraquiano dizia à mesma agência que o EI "está a oferecer uma certa resistência, mas estão a guardar as suas forças para combater no centro da cidade".
Uma reportagem da AFP referia que os combates pelo aeroporto se iniciaram com a primeira luz do dia, após horas de bombardeamentos aéreos preparatórios.
Ao longo do dia, à medida que se iam verificando avanços, as forças iraquianas, nalguns casos contando com a presença próxima, mas à retaguarda, de efetivos americanos, progrediam de forma muito cautelosa. Aparentemente, com os nervos em franja, como ficou claro num momento em que se ouviu o motor de um drone nas imediações de uma ambulância blindada da polícia federal iraquiana. De imediato, todos os militares abriram fogo, visando o aparelho que, contudo, acabou por não ser abatido.
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