Deputados exprimem "total solidariedade" com a Ucrânia
Eram 9h00 em ponto quando na Assembleia da República (AR), em Lisboa, deputados de vários grupos parlamentares cumpriram um minuto de silêncio. Além dos partidos, do presidente da AR e de funcionários do Parlamento, também o governo se fez representar pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, estando ainda presente Volodymyr Kozlov, encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia em Lisboa.
Ausentes da cerimónia estiveram os deputados do PCP e a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, que justificou a ausência com a hora tardia a que terminaram na noite anterior os trabalhos da Comissão Eventual para a Revisão Constitucional. Já o PCP, à Lusa, argumentou que a solidariedade do partido "é com o povo ucraniano e não com um regime xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi". No dia anterior (quinta-feira), os comunistas já tinham deixado críticas àquilo que consideram ser um "posicionamento de submissão" do governo português perante a "escalada armamentista" na Ucrânia e defenderam ser urgente que "os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO cessem de instigar e alimentar a guerra".
Terminada a cerimónia simbólica do minuto de silêncio, arrancou (às 10h00) o debate sobre o tema no hemiciclo, onde foram apreciados dois votos sobre o conflito: um apresentado pelo presidente da Assembleia da República, de "total solidariedade com a Ucrânia e o povo ucraniano"; outro, apresentado pelo PCP, que condenava o "caminho de ingerência, violência e confrontação". O texto de Augusto Santos Silva contou com aprovação de todos, à exceção do PCP - que foi o único partido a votar a favor do seu texto.
Durante o debate, o deputado comunista Bruno Dias referiu que o partido condena "todo um caminho de ingerência, violência e confrontação", ou seja, "o golpe de Estado de 2014, promovido pelos Estados Unidos na Ucrânia, que instaurou um poder xenófobo e belicista, a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia e a intensificação da escalada belicista dos Estados Unidos, da NATO e da União Europeia".
Já o Chega, num pedido de esclarecimento feito à intervenção de Bruno Dias (que recebeu protestos de outras bancadas), questionou "qual o problema" em dizer que a Rússia invadiu efetivamente a Ucrânia.
Por outro lado, o líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, criticou também "o discurso hipócrita do falso pacifismo equidistante, que põe no mesmo plano agressores e agredidos", e aqueles que "fazem coro com a propaganda de Putin".
Já Rui Tavares, deputado único do Livre, referiu que "Putin pára quando for parado, Putin recua quando for forçado a recuar". A outra deputada única, Inês Sousa Real, do PAN, sustentou que o caminho de paz só se fará de uma maneira, "travando e responsabilizando Putin."