Deputado do PS Carlos Pereira de saída da comissão de inquérito à TAP

O socialista participou na reunião "secreta" com a CEO da TAP e o grupo parlamentar do PS. E, segundo o Correio da Manhã, a Caixa Geral de Depósitos perdoou-lhe uma dívida.
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Carlos Pereira, deputado do PS que participou na reunião "secreta" de janeiro entre o grupo parlamentar do PS, membros do governo e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, está de saída da comissão de inquérito à gestão pública da companhia aérea que está a decorrer no Parlamento.

O deputado socialista foi uma das pessoas que esteve numa reunião com a agora ex-presidente executiva da TAP, membros do grupo parlamentar do PS e dos gabinetes dos ministérios das Infraestruturas e dos Assuntos Parlamentares, que aconteceu na véspera de uma audição de Ourmières-Widener, na comissão de economia, em janeiro deste ano.

O Correio da Manhã avança na edição desta sexta-feira que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) perdoou uma dívida ao deputado, que foi relator de uma comissão de inquérito ao banco público. A publicação refere um corte de 66 mil euros no pagamento de crédito a empresa da qual o político era avalista.

Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, Carlos Pereira justifica a decisão de sair da Comissão com a necessidade de "proteger os resultados a apurar na Comissão de Inquérito e salvaguardar os superiores interesses do Partido Socialista".

O ainda coordenador dos deputados socialistas no inquérito à TAP alega que as notícias "que se têm repetido nas últimas semanas apenas contribuem para adensar um clima de suspeição injustificado".

O deputado eleito pela Madeira assinala que vai deixar não só a coordenação no inquérito, mas também a própria comissão.

"Entendi solicitar ao presidente do Grupo Parlamentar do PS que me desobrigasse da coordenação dos deputados do Partido Socialista na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão Política da TAP, bem como, da minha presença na referida Comissão", escreve.

Carlos Pereira assegura ter prestado ao Correio da Manhã "todos os esclarecimentos" que lhe foram solicitados e rejeita qualquer favorecimento.

"Nunca existiu qualquer incompatibilidade no exercício pleno da minha atividade como deputado, ou qualquer tratamento de favor para comigo por parte da Caixa Geral de Depósitos", afirma, prometendo mais esclarecimentos sobre a notícia do Correio da Manhã para "o princípio da manhã" desta sexta-feira.

O economista e antigo líder do PS no parlamento da Madeira estava já no centro de uma polémica depois de se saber que participou numa reunião com a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e com assessores do Governo em 17 de janeiro, na véspera de uma audição desta na Assembleia da República.

Para o socialista, o que se passou nesta reunião - trazida a público pela IL ao longo da audição - "é aquilo que é habitual acontecer", considerando que "há partilha de informação" entre os assessores do Governo, o grupo parlamentar e as entidades "para compreender o que é que são os temas" em análise.

"A partilha de informação é absolutamente normal, seria anormal não haver partilha de informação. Tal como há partilha de informação do Governo com outros partidos se isso for solicitado. Não há aqui nada de anormal nesse processo", sublinhou.

O ministério de Galamba confirmou publicamente que dois membros do gabinete estiveram na reunião, mas não o próprio ministro. Mas, refere a nota, João Galamba foi informado "de que a TAP, na tarde do dia 16 de janeiro, tinha transmitido o seu interesse em participar na reunião com o grupo parlamentar do PS".

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