Depois de Nova Iorque, vitória à vista para Hillary e Trump

Ex-primeira-dama bateu Bernie Sanders na corrida democrata. Magnata deixou Kasich e Ted Cruz a larga distância na corrida republicana.
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No discurso de vitória, no lobby da Trump Tower, em plena Quinta Avenida de Nova Iorque, Donald Trump garantia que Ted Cruz "está quase matematicamente eliminado" da corrida à nomeação republicana para as presidenciais de 8 de novembro nos EUA. A duas avenidas dali, Hillary Clinton saboreava a vitória sobre Bernie Sanders nas primárias nova-iorquinas de terça-feira, afirmando aos apoiantes reunidos num hotel que a corrida à nomeação democrata está "na reta final e a vitória está à vista".

A jogar em casa - nasceu no bairro nova-iorquino de Queens há 69 anos -, Trump conseguiu em Nova Iorque a sua maior vitória até agora, obtendo mais de 60% dos votos e a quase totalidade dos 95 delegados em causa. O segundo lugar foi para John Kasich, o moderado governador do Ohio, mais tolerável aos olhos dos nova-iorquinos do que o evangélico Ted Cruz. O senador do Texas, que não se cansou na campanha de criticar os "valores de Nova Iorque", pagou pelas suas palavras, ficando num longínquo terceiro lugar.

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As primárias de Nova Iorque ficaram marcadas por queixas de irregularidades, inclusive 125 mil pessoas apagadas dos boletins de voto. Já foi aberta uma investigação para averiguar o que o auditor-chefe da cidade, Scott Stringer, descreveu como uma organização "caótica e pouco eficiente".

Trump profissional

Depois de uma semana difícil, nem uma gafe de última hora, quando trocou o 11 de Setembro (9/11, em inglês) por 11 de julho (7/11) num discurso sobre os atentados de 2001 em Nova Iorque, conseguiu tirar a vitória a Trump. Empenhado em profissionalizar a sua equipa e ganhar credibilidade como candidato às presidenciais de novembro, o magnata do imobiliário rodeou--se nos últimos dias de políticos com experiência.

A diferença notou-se no discurso da vitória, quando o candidato centrou a mensagem na economia, sublinhando a vantagem em termos de delegados e de votos e recordou que deve ser ele o nomeado do partido, mesmo que não consiga os 1237 delegados necessários para a garantir antes da convenção de 28 a 21 de julho em Cleveland, Ohio.

"Amanhã voltamos ao trabalho", rematou Trump, numa mensagem pouco "trumpesca" que Anthony Zurcher, repórter da BBC para a América, vê como um sinal de que o magnata pode tornar-se "um adversário ainda mais notável não só nas primárias, mas também na disputa contra os que no próprio partido" tentam travar a sua nomeação.

Depois de terem deixado cair a cortesia que marcara os primeiros meses de campanha democrata, Hillary e Sanders tinham apostado tudo em Nova Iorque. Ele porque sabia que o estado onde nasceu há 74 anos (no bairro de Brooklyn) é sensível ao discurso antissistema; ela porque precisava que o estado que representou no Senado de 2001 a 2009 a confirmasse como favorita. Feitas as contas, a ex-primeira-dama venceu e ficou mais perto dos 2383 delegados necessários para garantir a nomeação antes da convenção de 25 a 28 de julho em Filadélfia.

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"Não há como estar em casa!", exclamou Hillary, que nasceu em Chicago, Illinois, há 69 anos. A derrota em Nova Iorque, mesmo se lhe valeu 106 (contra os 139 de Hillary), deixou Sanders sujeito a novas pressões para desistir da corrida. Um cenário que o senador do Vermont já negou várias vezes.

Próximos desafios

Grandes derrotados da noite, tanto Sanders como Cruz já estavam ontem na Pensilvânia, o maior dos cinco estados que vão a votos na próxima terça-feira. O senador do Texas desvalorizou a vitória de Trump, lembrando à agência AP que se tratou apenas de "um político a ganhar no seu estado". Mas, com a próxima jornada eleitoral concentrada na costa leste, Trump parece estar em vantagem nesta minissuperterça-feira. Tal como Hillary. Isto porque, tal como aconteceu em Nova Iorque, quatro destas cinco primárias são fechadas: ou seja, os independentes não podem votar, o que costuma prejudicar o senador do Vermont

Com 210 delegados, do lado democrata, e 71, do lado republicano, a Pensilvânia é o grande prémio da próxima leva de primárias, antes de os candidatos começarem a olhar para o Indiana, a 3 de maio. Mas o jackpot da Califórnia - 546 delegados democratas; 172 republicanos - está reservado para 7 de junho, o último dia das primárias.

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