Depois das indústrias criativas, Marvila passa a distrito da cerveja artesanal

Bairro acolhe amanhã a primeira iniciativa do Lisbon Beer District: a Oktober Festa, lançada pelas três cervejeiras instaladas no bairro. Objetivo é criar "núcleo de cerveja artesanal"
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No quarteirão da Rua do Açúcar com a Capitão Leitão concentram-se três cervejeiras artesanais. A coopetição (junção das palavras cooperação e competição) entre elas levou-as a criar o Lisbon Beer District (distrito cervejeiro de Lisboa). A primeira iniciativa da marca com que querem identificar o bairro acontece já amanhã. A Oktober Festa vai ter concertos, street food e cerveja. Para a ocasião foram criadas três cervejas feitas em conjunto pela Musa, Dois Corvos e Lince.

"É uma maneira de celebrar Marvila que foi um bocado esquecida durante uns tempos e é uma pequena maneira de reativarmos Marvila, não só os espaços, mas também as pessoas. Nos restaurantes, galerias de arte começarem a celebrar o facto de estarmos num bairro que gostamos bastante", aponta António Carriço, da cervejeira Lince. O Lisbon Beer District é explicado por Susana Cascais, da Dois Corvos, como "uma forma de criar e dinamizar a cultura da cerveja artesanal". Os três empresários esperam que os exemplos bem sucedidos de outros países possam ser replicados na capital portuguesa.

Sublinhando que os portugueses ainda desconhecem o mundo da cerveja artesanal, as três marcas decidiram criar três cervejas novas. "São todas com motivos alemães, para aproveitarmos o mote Oktoberfest. Uma Weissbier, uma Märzen (cerveja típica da Baviera e conhecida como a Oktoberfest) e uma IPA, que é muito associada a este movimento nos EUA, mas que aqui é alemã", enumera Bruno Carrilho, da Musa. Também os restaurantes que se associam à festa têm ementas de inspiração alemã.

Uma forma de mostrar aos visitantes que não há apenas "a imperial" e que uma cerveja artesanal tem muito que se lhe diga. "Há muitas receitas diferentes. Há uma grande variedade de cerveja, as pessoas começam a perceber que há vários tipos como os vinhos e as castas. As nossas uvas são a cevada e o malte", explica António Carriço. Além da diversidade, a qualidade dos produtos distingue uma cerveja artesanal de uma industrial. "As escolhas feitas a nível de processo e ingredientes são feitas para melhorar a cerveja e não para reduzir custos, essa é a grande diferença", acrescenta Bruno Carrilho.

Em Marvila desde 2014 - a Dois Corvos - e de 2015 - a Lince e a Musa -, as três empresas participaram na reabilitação do bairro. "Quando chegámos o declínio ainda era evidente", recorda Susana Cascais. Mas em menos de um ano, no final de 2015, quando Bruno Carrilho e o sócio chegaram para instalar a Musa, já apanharam "o último armazém disponível", admite. Neste momento, já é difícil encontrar espaços em Marvila e a preços ainda em conta. "Ficou tudo um bocadinho inflacionado". Também porque os antigos armazéns atraíram a atenção de uma série de indústrias criativas, espaços de cowork, galerias de arte e restaurantes.

E os três cervejeiros querem ainda impulsionar mais o bairro. "Queremos comunicar às pessoas que há aqui uma zona da cidade em que faz sentido virem beber um copo e divertirem-se um bocadinho. E que as pessoas não venham a um único sítio, mas que olhem para a zona da cidade como um todo, que digam "vamos a Marvila ver o que está a acontecer". O Lisbon Beer District é uma marca chamariz das pessoas virem cá e temos ideia de fazer eventos regulares, queremos que seja mais ou menos trimestral", antecipa Bruno Carrilho.

Além da Lisbon Beer District, hoje Marvila acolhe também a Poster, a mostra pública de arte que vai estar espalhada por vários espaços do bairro.

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