Demissão e bom-senso: (A falta de) bom-senso em António Costa

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Por muita narrativa e spin político que a máquina de propaganda socialista desenvolva, a ideia de que o Dr. António Costa se demitiu por causa de um comunicado, ou um parágrafo, é uma desculpa "mal-amanhada".

O Dr. António Costa demitiu-se por uma e apenas uma razão: o seu governo ruiu por dentro, envolto em casos mal explicados, trapalhadas e na sua incompetência.

Em janeiro de 2022, os portugueses deram uma maioria absoluta, e uma enorme responsabilidade, ao Dr. António Costa e ao Partido Socialista. Os portugueses esperavam três coisas: responsabilidade, estabilidade e capacidade reformista e de governo. Se hoje vamos para eleições, isso é inteira culpa do Dr. António Costa e do PS, que desbarataram o mandato conferido pelos portugueses.

Este governo acabou porque ruiu por dentro, fruto da incompetência, do nepotismo e da ausência de ética Republicana. Com um primeiro-ministro e Ministro das Finanças que já nada mandam, como se viu na trapalhada do IUC. Depois de convocadas as eleições para o PS, à revelia do PM e do MF, o fim da medida do IUC é afinal social e ambientalmente justo, ao contrário de tudo o que o governo tinha dito antes! Puro oportunismo e cambalhota política e eleitoralismo barato!

Durante um ano e meio, este primeiro-ministro e este Governo não revelaram qualquer responsabilidade. Tivemos um governo de maioria que se enredou em escândalos, casos e sucessivas demissões, o que só trouxe instabilidade política ao país. Antes da demissão do Dr. António Costa, já Portugal tinha assistido a um penoso corrupio de quedas de ministros e secretários de Estado.
A falta de responsabilidade e estabilidade gerou um governo incapaz de governar e resolver os problemas dos portugueses!

O Dr. António Costa tem dito que é preciso "bom-senso". Mas os portugueses interrogam-se: que bom senso teve o Dr. António Costa quando nomeou Vítor Escária para seu chefe de gabinete ou quando colocou o seu melhor amigo, Lacerda Machado, como responsável de várias negociações em nome do Estado, sem que tivesse qualquer função oficial?

Que bom senso teve o Dr. António Costa ao nomear Miguel Alves seu Secretário de Estado Adjunto (no centro da governação, tal como Vítor Escária), sabendo que ele era arguido por corrupção?
Que bom senso teve o primeiro-ministro em toda a controvérsia sobre o ex-Ministro João Galamba, desde os incidentes no Ministério das Infraestruturas a 26 de abril até ao dia 7 de novembro, não o demitindo, deixando-o ir ao Parlamento defender o OE24 (num espetáculo degradante) e esperando pela sua demissão?

Que bom senso teve o Dr. António Costa ao trazer para a luta político-partidária o Presidente da República, fazendo um favor aos populistas, que vivem da degradação e desprestigio das Instituições?
Que bom senso teve na sua declaração de 10 de novembro, que visou apenas condicionar a Justiça?
Que bom senso teve o Dr. António Costa quando, por ação ou inação, deixou que investimentos de milhares de milhões de euros tivessem processos opacos e pouco transparentes?

Que bom senso teve o Dr. António Costa num ato que mais pareceu uma mistura de revanchismo e Maquiavelismo, em trazer para a arena político-partidária o Governador do Banco de Portugal? Este Governador que nunca deveria ter transitado diretamente de Ministro das Finanças para Governador. Mário Centeno foi enganado pelo Dr. António Costa ou faltou deliberadamente à verdade.

O Dr. António Costa caiu de primeiro-ministro por erros graves, falta de "bom-senso" e "húbris" da maioria absoluta, que o tornou arrogante e prepotente.

Várias vezes escrevi sobre o governo e o Dr. António Costa, citando uma frase de Maquiavel que aqui recordo: "Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela".


Líder do Grupo Parlamentar do PSD

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