Delfim: "Acreditava que Varandas não ia iludir a massa associativa"
Campeão pelo Sporting em 1999-00 ao lado do atual team manager leonino Beto e parte da estrutura para o futebol caso Pedro Madeira Rodrigues tivesse vencido as eleições do clube em 2017, Delfim confessa-se desapontado com o projeto do presidente Frederico Varandas.
"Acreditava que o projeto de Frederico Varandas fosse diferente. É uma pessoa que aparenta estar bem financeiramente, é médico, e acreditava que fosse fazer um trabalho de base, de gestão sem pensar em eleições, e não o está a fazer. Acreditava que poderia ser por aí a bandeira de Frederico Varandas. Não o está a fazer, não está a conseguir e não está a ser fácil para ele", afirmou o antigo médio leonino, em conversa com o DN.
Para o ex-futebolista, 42 anos, assumir ou não a candidatura ao título independentemente da qualidade do plantel "é um pau de dois bicos", mas admite que "acreditava que Frederico Varandas poderia não iludir a massa associativa, porque é uma pessoa conhecedora dos problemas financeiros que o clube atravessa".
Para Delfim, "a prestação da equipa está muito aquém do seu verdadeiro potencial", um sub-rendimento que considera ser o reflexo da instabilidade que o clube vive. "O mercado de verão fragilizou muito o plantel pelo que se falou, o que se fez e pela gestão das situações de Bas Dost e de Raphinha. Não se conseguiu colmatar essas saídas e nota-se que o fio de jogo não é o mesmo da época passada", frisou o antigo centrocampista, que vestiu a camisola verde e branca durante 70 encontros entre 1998 e 2001.
No entender do jogador que também representou Boavista e Marselha, entre outros, o último dia de mercado, que ficou marcado por um carrossel de entradas e saídas em Alvalade, "poderia ter sido feito de forma diferente", mas ressalva que "poderia ter feito de forma diferente" e admite até que seria preferível ter transferido Bruno Fernandes do que permitir mais saídas. "É um ativo importantíssimo na equipa do Sporting e daria inevitavelmente um encaixe financeiro necessário para a conhecida instabilidade financeira do clube. Isso não aconteceu, não sei porquê, mas seria um encaixe financeiro importante para o Sporting, ainda que perdendo o seu melhor jogador", atirou o antigo internacional português.
Delfim crê que a solução para o futuro do Sporting passa por "fazer um trabalho de base, cimentar as questões financeiras e paralelamente formar uma equipa competitiva", alertando que, "sem estabilidade financeira, muito dificilmente se formará uma equipa competitiva."
Dois anos e meio após ter sido proposto por Nuno Madeira Rodrigues para a função de team manager, Delfim continua a mostrar-se disponível para ajudar o Sporting, nessas ou noutras funções, mas reiterando a "amizade e o respeito" que sente "por quem exerce essas funções". "Torço pelo sucesso de quem lá está e estarei sempre disponível para perceber quais as necessidades do Sporting e se tenho ou não valências para acrescentar. O Sporting seria um desafio ao qual me entregaria de corpo e alma, percebendo que estaria sempre sujeito a críticas. Teria de crescer com isso e assumir os meus erros", frisou o antigo jogador.
Para o médio campeão em 1999-00 ao lado de figuras como Peter Schmeichel, André Cruz e Acosta, a função de team manager consiste em "ter contacto diário com o balneário e fazer a ponte com a equipa técnica. É importante para um team manager ter a confiança dos jogadores, servir de elo de ligação com a equipa técnica e antecipar problemas. É preciso ser positivo e ser um pacificador, em prol de um objetivo comum: o bem-estar de todos e a conquista de vitórias", referiu Delfim, que em 2017 revelou que tinha em Manolo Vidal uma referência no exercício dessas funções.
Porém, ao contrário dos tempos de Delfim com jogador e de Manolo Vidal como responsável pelo futebol profissional do Sporting, agora existem... redes sociais. "As redes sociais por um lado são um flagelo, por outro é importante. Contudo, um atleta é profissional e um assalariado do clube e tem de obedecer aos regulamentos impostos no início da época", analisou, considerando "discutível" a opção do capitão Bruno Fernandes em utilizar as redes sociais para se justificar perante os adeptos: "Tem de haver ponderação, mas tudo o que é em exagero é mais. Nem sempre nem nunca."