Defesa de Pedro Henriques vale castigo de um jogo a Katsouranis
Benfica. Árbitro justificou declarações públicas com críticas ao seu trabalho, entre as quais a do grego
"É inacreditável. Vi o que aconteceu no jogo, estava perto. Miguel Vítor estava no chão a tentar proteger a cara e nem sabia o que ia acontecer. Nunca nenhum árbitro do mundo anularia aquele golo e este roubou- -nos aqui dois pontos. Mas temos de continuar."
Foi esta declaração de Kostas Katsouranis, médio do Benfica, sobre o lance capital do encontro arbitrado pelo lisboeta Pedro Henriques que determinou a sanção de um jogo a cumprir este domingo diante do Rio Ave, no entanto, sabe o DN sport junto de fonte da Comissão Disciplinar da Liga, que o árbitro não fez qualquer aditamento ao seu relatório.
A história conta-se em poucas palavras. A Comissão Disciplinar da Liga abriu oficiosamente um processo disciplinar contra o futebolista no dia 23 de Dezembro, dia seguinte ao do Benfica-Nacional, que terminou empatado sem golos tendo como base declarações efectuadas pelo jogador e reproduzidas pelos jornais desportivos A Bola e Record, assim se pode ler no acórdão que determinou ainda a aplicação de uma multa pecuniária, no valor de 750 euros, a Katsouranis que, assim, regressa ao jogo a meio da semana, a contar para a Taça da Liga, com o Vitória de Guimarães ou, em último caso se se confirmar a suspensão deste jogo, diante do FC Porto no fim-de-semana seguinte no Dragão.
O mesmo acórdão revela que no dia 29 de Dezembro o árbitro Pedro Henriques apresentou participação disciplinar contra o atleta.
Porém, o DN sport sabe que Pedro Henriques, em momento algum, apresentou um aditamento ao relatório enviado para a Liga depois do jogo Benfica-Nacional.
Pedro Henriques foi confrontado pela Liga em relação às declarações que efectuou sobre o lance capital do jogo. E foi nessa altura, a 29 de Dezembro, na sucursal da Liga em Lisboa, que Pedro Henriques justificou a infracção ao regulamento que o impede de falar sem autorização do órgão que superintende o futebol profissional em Portugal. Nas declarações recolhidas pelo instrutor do processo, Pedro Henriques lembrou as ofensas de que tinha sido alvo e referiu o nome de Katsouranis e ainda de Sílvio Cervan, vice-presidente do Benfica, que é dirigente do clube da Luz mas sem qualquer cargo na SAD, entidade que se encontra inscrita na Liga de clubes. Assim, Cervan não tem possibilidades de ser punido pela justiça desportiva.
Assessor identificado
Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD encarnada, também foi sancionado com 45 dias de suspensão. Um castigo que o impede, por exemplo, de representar o Benfica nas assembleias gerais da Liga de clubes.
Mas Paulo Gonçalves foi, desde logo, mencionado por Pedro Henriques no relatório do jogo. O árbitro explicitou no documento que o dirigente ofendeu a equipa de arbitragem com termos como "filhos da p... e ladrões".
A situação deu-se no ponto de separação entre os jogadores e a equipa de arbitragem no interior do túnel do Estádio da Luz. Pedro Henriques pediu mesmo para as forças policiais identificarem o autor dos insultos.
A comissão disciplinar considerou o comportamento de Paulo Gonçalves lesivo da honra e da reputação da equipa de arbitragem.
Além dos 45 dias de suspensão, Paulo Gonçalves terá de desembolsar 1250 euros para os cofres da Liga.
Resta referir que o DN sport tentou chegar à fala com o árbitro Pedro Henriques, mas o juiz lisboeta escusou-se a fazer comentários. "Fui alvo de processo disciplinar por ter falado sobre o jogo Benfica-Nacional. Não volto a falar, pois não quero ser penalizado uma vez mais", referiu Pedro Henriques ao DN sport.|