Trump defendeu tiros nas pernas e crocodilos contra os migrantes

O presidente dos Estados Unidos sugeriu que se atinja a tiro nas pernas os migrantes que tentem entrar nos EUA pela fronteira com o México. Segundo o livro Borders Wars, de dois jornalistas do The New York Times, Trump terá ainda defendido criar um fosso com cobras ou crocodilos.
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Numa reunião em março na Casa Branca, o presidente Donald Trump exigiu que se fechasse as fronteiras com o México. Uma ordem que levou a que os dias seguintes ficasse marcados pelo stress e pânico provocados pelas sucessivas crises de raiva do Presidente americano e pela sua falta de abertura às tentativas de dissuasão dos conselheiros.

Este episódio é contado no livro Border Wars: Inside Trump's Assault on Immigration, da autoria de dois jornalistas do The New York Times, Michael Shear and Julie Davies, que entrevistaram mais de uma dezena altos responsáveis do governos americano, que preferiram manter o anonimato, por medo das consequências.

Segundo os autores, o presidente queria que o muro na fronteira com o México fosse eletrificado e tivesse picos para que os imigrantes ilegais não entrassem nos EUA. Também defendeu que fosse criado um fosso com cobras e crocodilos para dissuadir os imigrantes. Mas, depois de ser informado pelos assessores e conselheiros de que tudo isso é ilegal, Trump terá antes sugerido que os guardas fronteiriços atingissem os ilegais a tiro nas pernas para os travar. Mas, explicaram-lhe, isso também é ilegal.

Descontente com a tentativa dos seus conselheiros de o fazer mudar de opinião, e, também, por influência de Stephen Miller, o presidente expulsou do seu círculo mais próximo alguns dos principais assessores, com o argumento de que estavam a sabotar a aplicação da sua política de imigração.

Entre as pessoas que estiveram na reunião e que mais foram alvo das críticas de Trump, está Kirstjen Nielsen, a Secretária de Segurança Interna na altura. Segundo os autores, Nielsen terá tentado chegar a um acordo com o presidente, sendo que a determinada altura, este parecia estar a afastar-se das suas ideias iniciais e começar a estar disponível para aceitar uma política de imigração mais passiva, envolvendo impostos sobre os migrantes na fronteira com o México.

Porém, Trump mudou rapidamente de opinião e marcou uma reunião com a Secretária da Segurança Interna, na qual Kirstjen Nielsen quis apresentar uma estratégia de retenção de migrantes, mas de onde acabou por sair destituída do cargo, tendo Trump mais tarde, e pelo Twitter, agradecido os seus serviços.

Depois deste episódio, Trump avançou com a sua política sobre a imigração ilegal e assinou, em junho, um acordo de 90 dias com o México, que visava a diminuição do fluxo de migrantes.

Em setembro, o México anunciou que conseguiu diminuir o número de migrantes sem documentos que atravessam a fronteira para os Estados Unidos em 56%. Porém, estudos comprovam que desde que Trump assumiu a presidência dos EUA, a entrada de ilegais através da fronteira com o México tem vindo a aumentar.

A construção de um muro na fronteira com o México foi uma das principais promessas da campanha de Trump nas presidenciais de 2016. E, como presidente, o milionário tem travado uma batalha com o Congresso para obter o financiamento da obra, declarando a emergência nacional na fronteira para desbloquear os fundos.

Mas em finais de setembro, a Câmara dos Representantes, de maioria democrata, reverteu a decisão do presidente de realocar milhões do orçamento da Defesa para construir o muro. A lei, claro, voltará à secretária de Trump, onde este deverá voltar a vetá-la.

As autoridades americanas estimam haver nos EUA mais de 11 milhões de imigrantes ilegais, a maioria hispânicos e sobretudo mexicanos.

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