Deco detecta antibiótico proibido em geleia real

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A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) detectou uma substância proibida na geleia real vendida pela cadeia de lojas Celeiro. Trata-se do antibiótico cloranfenicol, um produto cujo uso está interdito na Europa à medicina veterinária, em animais para consumo humano, desde 1990. A loja já reagiu e garante a qualidade e segurança da geleia. Contudo, refere que, de momento, não tem embalagens disponíveis para venda.

A Deco analisou as três marcas que comercializam esta geleia em estado puro e apenas detectou o antibiótico num lote do Celeiro. Em comunicado, a associação "exige que o produto seja urgentemente retirado de comercialização" e comunicou já o resultado das análises às autoridades competentes, da Inspecção Geral das Actividades Económicas à Agência Portuguesa de Segurança Alimentar.

A Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo de Qualidade Alimentar mandou ontem recolher amostras para serem estudadas num laboratório de referência.

Segundo Dulce Ricardo, técnica alimentar da Deco, o cloranfenicol é uma substância tóxica mesmo em pequenas concentrações. Ou seja, há sempre um risco para o consumidor, independentemente do teor encontrado nos produtos. "Os efeitos não são imediatos, não é como uma intoxicação alimentar, mas algo a longo prazo", explica, acrescentando que a sua acumulação no organismo pode provocar anemia.

Dulce Ricardo refere que não é a primeira vez que este antibiótico é encontrado em produtos alimentares, "o que prova que continua a ser utilizado e que é necessário um controlo cada vez mais apertado". Há dois anos, a Deco também detectou cloranfenicol em quatro amostras de mel.

Desta vez, foi analisado a geleia real, uma substância produzida pelas abelhas para alimentar a rainha da colmeia. Esta geleia é utilizada em várias combinações, mas a pesquisa da Deco apenas incidiu sobre o produto em bruto. Segundo a técnica alimentar, o cloranfenicol é uma antibiótico de uso alargado, utilizado não só para o tratamento de várias doenças, como também de forma preventiva. "Uma das hipóteses para a existência de resíduos do antibiótico é o facto de poder ter sido utilizado na colmeia para aumentar a absorção de alimentos", tornado as abelhas mais rentáveis, refere.

Uma ideia que é rejeitada pelo Celeiro. Pedro Lobo do Vale, responsável pela cadeia, garante que "as análises fornecidas pelo produtor são todas negativas". A geleia encontra-se de momento esgotada, porque se trata de uma colheita de Primavera, e a loja refere que vai fazer novos testes antes de voltar a vender outros lotes.

"Não compreendo por que razão a Deco não permitiu que fosse feita uma contra-análise", acrescenta ainda, acusando a associação de "alarmismo". Segundo a loja, a geleia analisada foi produzida pela Arrábida Mel, tendo sido fornecida uma centena de embalagens. "Vamos pedir novas análises para comprovar se existe ou não este antibiótico", adianta Pedro Lobo do Vale. O responsável diz que, no passado, este medicamento era usado não nas abelhas, mas indirectamente, "para desinfectar as colmeias".

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