Deco alerta que pulseiras do equilíbrio não têm efeito

Deco denuncia que não há evidência científica dos efeitos: equilíbrio, energia, força e flexibilidade. Ninguém fiscaliza
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De repente, os braços dos portugueses foram inundados com pulseiras holográficas que garantem a quem as usar "um maior equilíbrio e energia". "Não passam de produtos milagrosos sem fundamento científico", acusam os técnicos da Deco. E resumem: "É um placebo demasiado caro." Custam entre 9,90 e 39,90 euros e tanto estão disponíveis em lojas de desporto como na Internet.

As pulseiras em causa podem ser compradas na Internet, em lojas de desporto e até em farmácias. São de todos os feitios e cores e utilizam uma linguagem "pseudocientífica" para conquistar os consumidores. Referem serem compostas "por hologramas" que "aumentam a eficiência dos sistemas bioeléctrico, físico e orgânico"; comparam os seus efeitos à acupunctura, ou dizem ter sido desenvolvidas por um cientista da NASA, entre outras características. Prometem "energia, equilíbrio, força e fle- xibilidade". E, para culminar, põem figuras públicas, sobretudo na área do desporto, como Cristiano Ronaldo, a usá--las.

"A publicidade a estas pulseiras mistura afirmações correctas com outras sem fundamentos", diz a Deco. E explica: "O corpo humano corresponde a um conjunto complexo de processos electroquímicos geradores de energia", tal como afirmam os vendedores das pulseiras.

No entanto, não existe qualquer evidência científica de que melhorem "as funções metabólicas celulares" ou que sejam "estimulantes naturais de energia".

A única influência que pode ter é do ponto de vista psicológico: a pessoa convencer-se de que faz bem. No entanto, "o preço é demasiado elevado para um produto que não passa de um placebo", denuncia a Deco.

Por isso deixa um conselho claro ao consumidor: "Não desperdice o seu dinheiro."

A associação defende que os elementos anunciados são característicos dos chamados "produtos milagrosos", que se limitam a "promessas sobre circunstâncias que dependem de uma percepção subjectiva, como a força, resistência, elasticidade, equilíbrio, energia, vigor ou humor".

Porém, segundo uma técnica da Deco, é difícil comprovar que estão a anunciar propriedades milagrosas, o que é proibido por lei, daí que tenham optado por alertar o consumidor. E acrescenta que as poucas queixas que receberam têm que ver com a disparidade de preços a que são vendidas as pulseiras holográficas.

O DN contactou a Autoridade para a Segurança Económica e Alimentar (ASAE) para saber que tipo de fiscalização fazem a estas pulseiras, que defende que a competência é da Autoridade Nacional para o Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed). Mas fonte da autoridade do medicamento explicou que não tinham responsabilidade na matéria porque o produto não é um remédio.

Refira-se que a lei proíbe a publicidade a produtos milagrosos, por explorar a "ignorância, o me-do, a crença ou a superstição dos destinatários, apresentando bens ou serviços com determinados efeitos automáticos ou garantidos na saúde, bem-estar, sorte ou felicidade, sem uma objectiva comprovação científica". Cabe à Direcção-Geral do Consumidor actuar sobre estas situações.

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